Durante longos 9 minutos, o público aplaudiu de pé, o diretor Martin Scorcese e os atores Leonardo Di Caprio, Robert De Niro e a atriz Lily Gladstone. Foi um reconhecimento pelo trabalho deles no filme dirigido por Scorcese, “Killers of the Flower Moon”, que conta a história do massacre de indígenas da tribo Osage, ocorrido em Okhlahoma, nos EUA, nos anos 1920.

Para seu infortúnio, a tribo dos Osage ocupava uma área rica em petróleo, o que despertou a cobiça de aventureiros da região. Os milhões de dólares em jogo logo atraíram bandidos como William Hale ( De Niro) e seu sobrinho, Ernest Burkhart, ( Di Caprio). Burkhart acaba se casando com uma integrante da tribo, Mollie (Lily Gladstone), mas isso não o impede de, em parceria com o tio, comandar um massacre dos indígenas, com o objetivo de se apossar das riquezas deles.

O filme tem 3h30 de duração e, apenas depois de 2 horas, entram em cena policiais federais (a ação marca o início das atividades do FBI) que vão investigar a matança. Trata-se de um filme denso, com altas doses de violência, mas que – segundo Scorcese – são importantes para registrar o drama vivido por aquela tribo.

Scorcese: comemorando o sucesso em Cannes, ao lado de De Niro, Lily Gladstone e Di Caprio. (Associated Press)

A fita não é recente. Foi filmada há alguns anos, em Okhlahoma, em locações onde o drama se passou. Mas os originais ficaram um longo tempo na prateleira, até que a Apple entrou em cena e resolveu bancar os custos. A empresa recebeu em agradecimento em público, por parte de Scorcese, em seu discurso, após os longos aplausos em Cannes. Por não se tratar de uma filmagem recente, a fita não concorre à Palma de Ouro, o prêmio principal do Festival de Cannes.

Os mais cotados 

Com “Killers of the Flower Moon” fora da competição, as apostas para melhor filme no Festival de Cannes de 2023 vão para “The Zone of Interest”, um drama passado no campo de concentração nazista de Auschwitz, que conta a história de um oficial alemão que morava nas vizinhanças. Ele e a família ouvem com frequência os gritos dos prisioneiros torturados e mortos no campo, além dos tiros dos fuzilamentos. Ao mesmo tempo em que sabiam o que se passava lá, os integrantes da família achavam que viviam uma vida normal. O diretor é o britânico Jonathan Glazer que, segundo os críticos, tem tudo para sair de Cannes com as melhores premiações.

Outro filme apontado pela crítica entre os favoritos é “May December”, estrelado por Natalie Portman e Julianne Moore. A fita mostra o relacionamento de uma mulher adulta, casada, com um menino, uma história que ganhou manchetes no país e que acabou se repetindo, nos EUA, com diferentes pessoas, em épocas e locais diversos.