O texto, datado do século III, está relacionado com o Evangelho de Mateus
Após aplicar luz ultravioleta a um manuscrito sobre antigas histórias cristãs e hinos guardados na Biblioteca do Vaticano, pesquisadores da Academia Austríaca de Ciências (OAW) fizeram uma descoberta inédita: um novo capítulo do texto da Bíblia escrito há mais de 1.500 anos. A página que até então estava oculta aos olhos de todos, expõe os capítulos 11 a 12 de Mateus, com mais detalhes do Evangelho.
Os pesquisadores ainda não divulgaram uma tradução completa do texto, que está em siríaco antigo, alfabeto derivado do aramaico, que tem semelhanças com os alfabetos fenício, hebraico e árabe. A transcrição em siríaco antigo das escrituras é chamada de “Peshitta” e se tornou a tradução oficial utilizada pela Igreja Siríaca, no século quinto.
De acordo com o responsável pelo estudo, Grigory Kessel, o texto inicial foi escrito por volta do século III. Entretanto, foi apagado, provavelmente por um escriba na Palestina, para reutilizar o papel. A prática era comum na Idade Média já que o papel era feito de pele de animal, material escasso na época.
Desenvolvimento da pesquisa
O novo método de utilizar a luz ultravioleta está se tornando popular entre os pesquisadores, já pode possibilitar a descoberta, de textos antigos e ocultos, como este. Independente de quantas vezes o papel foi reutilizado, os escritos originais ainda estão impressos no papel, devido a tinta. Ela absorve a luz e brilha em azul, se tornando visível.
Kessel e seus colegas afirmaram que o pergaminho foi reutilizado pela primeira vez para o Apophthegmata patrum, que na tradução seria como “Ditos dos Padres”, por volta do século III. De acordo com eles, este pergaminho foi reutilizado num total de três vezes.
Importância
A descoberta, que foi publicada na revista New Testament Studies, da Universidade de Cambridge, trouxe muito entusiasmo para o campo histórico e científico. Até recentemente, apenas dois manuscritos foram encontrados com a tradução siríaca antiga dos Evangelhos. Um deles está guardado na Biblioteca Britânica em Londres e, o outro foi encontrado no Mosteiro de Santa Catarina, no Monte Sinai.
Este novo texto pode não só trazer novas interpretações e descobertas sobre a Bíblia, como pode ajudar os pesquisadores a entender a transmissão textual dos Evangelhos ao longo dos séculos.