Pesquisa mostrou que conhecer casos de traição torna uma pessoa mais propensa a se tornar infiel
Saber da infidelidade dos outros pode levar uma pessoa a se tornar infiel em seu próprio relacionamento. É o que mostra um estudo publicado pelo Departamento de Psicologia da Universidade Reichman, de Israel. O professor Gurit Birnbaum, um dos responsáveis pelo estudo, explica que o conhecimento de que pessoas traem, fazem com que as pessoas apresentem menos comprometimento com seu relacionamento atual e maior desejo por parceiros alternativos.
“A exposição às situações de adultério pode, por exemplo, tornar os objetivos de longo prazo menos proeminentes e, assim, reduzir os sentimentos de culpa, diminuindo a motivação para proteger um relacionamento atual”, escreveu Birnbaum em um artigo publicado sobre o estudo. Após de três testes com voluntários, a pesquisa também mostrou que os homens são mais propensos a traição do que as mulheres. Além disso, os entrevistados homens foram menos inclinados a usar estratégias para evitar a tentação de trapacear.
Em todos os três testes foram usados casais em relacionamentos monogâmicos heterossexuais. No primeiro estudo, os voluntários eram estudantes de graduação que estavam em relacionamentos de duração de quatro meses. Um grupo foi exposto a um vídeo que estimou que a infidelidade estava presente em 86% dos relacionamentos e, o outro grupo assistiu um vídeo que estimou que estava presente em 11% dos relacionamentos. Depois, todos os voluntários escreveram suas fantasias sexuais. O resultado do primeiro teste mostrou que só saber que a prevalência de infidelidade era alta ou baixa não afetou o desejo dos participantes por seus parceiros atuais ou alternativos.
Já o segundo teste mostrou um resultado diferente. Aqui os voluntários eram estudantes de graduação em relacionamentos de 12 meses de duração. Um grupo foi exposto a um ato de infidelidade e o outro grupo a um ato imoral, uma trapaça acadêmica, como colar por exemplo. Logo após a isso, os pesquisadores mostraram para todos os voluntários fotos de “estranhos atraentes” e indicaram se considerariam os indivíduos retratados como possíveis parceiros. O número de pessoas que eles disseram que considerariam como parceiros foi usado como índice de interesse em parceiros alternativos. O grupo que leu sobre um caso de infidelidade romântica respondeu “sim” para mais fotos, do que aqueles que leram sobre uma trapaça acadêmica.
No terceiro e último teste os pesquisadores examinaram não apenas se a exposição à infidelidade dos outros aumentaria o desejo dos participantes por outros parceiros, mas também se eles se esforçariam mais para ver esses outros parceiros no futuro. Os voluntários eram também estudantes de graduação em relacionamentos com duração mínima de quatro meses e foram divididos em dois grupos. Uma parte deles leu o resultado de uma pesquisa que a prevalência de infidelidade romântica foi de 85%. Já o outro grupo leu sobre a estimativa que a prevalência de trapaça acadêmica era de 85%.
Depois, cada um dos voluntários interagiu com um assistente de pesquisa por meio de uma plataforma de mensagens que tinha uma foto atraente do sexo oposto. Os assistentes de pesquisa perguntavam sobre os hobbies e interesses dos participantes e, ao final da entrevista, disseram: “Você definitivamente despertou minha curiosidade! Espero vê-lo novamente, e desta vez cara a cara”. Os participantes foram então solicitados a responder a essa mensagem e a avaliar seu compromisso com seu relacionamento atual.
Os resultados mostraram que os participantes que foram expostos à pesquisa de infidelidade romântica e acharam seu entrevistador atraente eram mais propensos a enviar mensagens ao entrevistador expressando o desejo de se encontrar pessoalmente. Além disso, os participantes que foram expostos à infidelidade romântica também indicaram menos comprometimento com seus relacionamentos atuais em comparação com aqueles expostos à trapaça acadêmica.
O professor Birnbaum afirmou que a pesquisa demostrou tendências de comportamento importantes em relação a traição. “Esses achados sugerem que ambientes que promovem maior prevalência de infidelidade diminuem a motivação para proteger o vínculo com o parceiro atual, possivelmente preparando o terreno para desencadear o desejo por parceiros alternativos. Tais ambientes podem tornar as pessoas mais vulneráveis, até ‘infectá-las’ com a infidelidade”, conta.
O estudo publicado na revista “Archives of Sexual Behavior” destaca que “ambientes em que a infidelidade é predominante não necessariamente transformam as pessoas em trapaceiros. Mesmo assim, se alguém já estiver vulnerável a trapacear ou se surgirem oportunidades de infidelidade, esses ambientes podem dar o impulso extra necessário para resolver o conflito entre seguir valores morais e sucumbir às tentações de curto prazo de uma maneira que promova a infidelidade”.