SAÚDE

Criado sensor que analisa a mente através da pele

Nova tecnologia usa algoritmo capaz de decifrar e interpretar sinais cerebrais em segundos

Por: Mario Augusto
Da redação | 17 de agosto de 2022 - 21:58

Cientistas norte-americanos desenvolveram um algoritmo que lê os estados mentais humanos por meio de sensores instalados na pele do braço. O mecanismo funciona da seguinte maneira: utilizando uma espécie de relógio de pulso com eletrodos é possível monitorar a atividade cerebral via impulsos elétricos na pele. Em poucos segundos, de acordo com os pesquisadores, é possível detectar se a pessoa está sentindo dor, raiva ou estresse. O estudo vem sendo desenvolvido na Tandon School of Engineering, da Universidade de Nova Iorque (NYU).

A coordenadora da pesquisa, Rose Faghih, professora de Engenharia Biomédica da NYU, explica que com a monitoração das glândulas sudoríparas, é possível rastrear a excitação cerebral através do uso de dispositivos não invasivos, quase que instantaneamente.

Sensor que analisa a mente através da pele

Algoritmo identifica o estado mental do usuário e detecta estresse causado pela dor, exaustão ou pressa no trabalho. Foto: Pexels.

O algoritmo identifica o estado mental através da atividade eletrodérmica (EDA), um fenômeno elétrico da pele que sofre influência dos impulsos cerebrais relacionados ao estado emocional da pessoa.

Como o dispositivo pode ajudar
A nova tecnologia foi testada em 26 pessoas saudáveis. Os testes conseguiram decifrar e interpretar sinais cerebrais em segundos. Os pesquisadores observaram que os estresses internos causam alterações na atividade eletrodérmica e essas alterações estão diretamente relacionadas aos nossos estados mentais.

Os detalhes do decodificador de estado cerebral não invasivo, inteligente e multimodal estão descritos em um artigo publicado recentemente na revista Computational Biology.

A proposta inicial dos pesquisadores é monitorar o estado mental dos usuários oferecendo estímulos que os ajudariam a voltar a um estado de espírito mais neutro.

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Com o dispositivo, uma pessoa muito estressada, que esteja passando por problemas de tensão no trabalho, seria alertada sobre o próprio estado emocional e o mecanismo dispararia automaticamente uma música relaxante para acalmá-la, com o objetivo de devolvê-la ao seu estado mental estável.

“Inferir a ativação do sistema nervoso autônomo a partir de dispositivos vestíveis em tempo real abre novas oportunidades para monitorar e melhorar a saúde mental e o engajamento cognitivo”, declarou Rose Faghih.

Relógio da mente

O dispositivo, apelidado de “Mindwatch” (algo como “relógio da mente”), pode ter outros benefícios para a saúde além de ajustar o estado mental de uma pessoa. O uso da tecnologia inclui a possibilidade de monitoramento da saúde mental, medição de dor e estresse cognitivo.

Sensor que analisa a mente através da pele

Rose Faghih, professora de Engenharia Biomédica. Foto: NYU Tandon School of Engineering.

Faghih acredita que a tecnologia pode auxiliar no diagnóstico e tratamento de doenças como autismo, transtornos de estresse pós-traumático, irritabilidade excessiva, tendência ao suicídio, entre outras.

A professora lembra de uma complicação do diabetes chamada neuropatia que também pode ter o diagnóstico com a ajuda do mindwatch. A doença causa danos graves nos nervos e apresenta sintomas específicos, como dormência, dor ou fraqueza.

O dispositivo também pode ajudar pacientes recém-nascidos com dor extrema após um procedimento cirúrgico, que não conseguem transmitir seu grau de sofrimento. Assim, os médicos podem usar as informações da atividade eletrodérmica para dimensionar a dor do paciente infantil e dosar a medicação necessária de forma mais adequada.

Para Faghih, esse trabalho pode representar um avanço para o cuidado em saúde mental.

“Monitorar o estado mental de pessoas vulneráveis ​​pode ajudá-las a obter cuidados mais eficazes e evitar consequências graves do declínio da saúde mental ou mudanças de humor”.

O próximo passo é fazer com que a tecnologia chegue ao maior número de pessoas. A equipe da Universidade de Nova York busca parcerias para projetar e fabricar em larga escala os dispositivos que carregariam o algoritmo.

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