Nova tecnologia usa algoritmo capaz de decifrar e interpretar sinais cerebrais em segundos
Cientistas norte-americanos desenvolveram um algoritmo que lê os estados mentais humanos por meio de sensores instalados na pele do braço. O mecanismo funciona da seguinte maneira: utilizando uma espécie de relógio de pulso com eletrodos é possível monitorar a atividade cerebral via impulsos elétricos na pele. Em poucos segundos, de acordo com os pesquisadores, é possível detectar se a pessoa está sentindo dor, raiva ou estresse. O estudo vem sendo desenvolvido na Tandon School of Engineering, da Universidade de Nova Iorque (NYU).
A coordenadora da pesquisa, Rose Faghih, professora de Engenharia Biomédica da NYU, explica que com a monitoração das glândulas sudoríparas, é possível rastrear a excitação cerebral através do uso de dispositivos não invasivos, quase que instantaneamente.
O algoritmo identifica o estado mental através da atividade eletrodérmica (EDA), um fenômeno elétrico da pele que sofre influência dos impulsos cerebrais relacionados ao estado emocional da pessoa.
Os detalhes do decodificador de estado cerebral não invasivo, inteligente e multimodal estão descritos em um artigo publicado recentemente na revista Computational Biology.
A proposta inicial dos pesquisadores é monitorar o estado mental dos usuários oferecendo estímulos que os ajudariam a voltar a um estado de espírito mais neutro.
Com o dispositivo, uma pessoa muito estressada, que esteja passando por problemas de tensão no trabalho, seria alertada sobre o próprio estado emocional e o mecanismo dispararia automaticamente uma música relaxante para acalmá-la, com o objetivo de devolvê-la ao seu estado mental estável.
“Inferir a ativação do sistema nervoso autônomo a partir de dispositivos vestíveis em tempo real abre novas oportunidades para monitorar e melhorar a saúde mental e o engajamento cognitivo”, declarou Rose Faghih.
O dispositivo, apelidado de “Mindwatch” (algo como “relógio da mente”), pode ter outros benefícios para a saúde além de ajustar o estado mental de uma pessoa. O uso da tecnologia inclui a possibilidade de monitoramento da saúde mental, medição de dor e estresse cognitivo.
Faghih acredita que a tecnologia pode auxiliar no diagnóstico e tratamento de doenças como autismo, transtornos de estresse pós-traumático, irritabilidade excessiva, tendência ao suicídio, entre outras.
A professora lembra de uma complicação do diabetes chamada neuropatia que também pode ter o diagnóstico com a ajuda do mindwatch. A doença causa danos graves nos nervos e apresenta sintomas específicos, como dormência, dor ou fraqueza.
O dispositivo também pode ajudar pacientes recém-nascidos com dor extrema após um procedimento cirúrgico, que não conseguem transmitir seu grau de sofrimento. Assim, os médicos podem usar as informações da atividade eletrodérmica para dimensionar a dor do paciente infantil e dosar a medicação necessária de forma mais adequada.
Para Faghih, esse trabalho pode representar um avanço para o cuidado em saúde mental.
“Monitorar o estado mental de pessoas vulneráveis pode ajudá-las a obter cuidados mais eficazes e evitar consequências graves do declínio da saúde mental ou mudanças de humor”.
O próximo passo é fazer com que a tecnologia chegue ao maior número de pessoas. A equipe da Universidade de Nova York busca parcerias para projetar e fabricar em larga escala os dispositivos que carregariam o algoritmo.