MEIO AMBIENTE
COP 27: China e Índia são cobrados a pagar por danos climáticos

COP27: China e Índia são cobrados a pagar por danos climáticos

A proposta é defendida pelos países que estão em ilhas, fortemente atingidos por extremos climáticos, e que podem desaparecer do mapa

Por: Mario Augusto
Da redação | 9 de novembro de 2022 - 12:42
COP 27: China e Índia são cobrados a pagar por danos climáticos

Representantes de Pequenos Estados Insulares (AOSIS) defenderam na terça-feira (08/11) na COP27, em Sharm El-Sheikh, no Egito, que as economias emergentes altamente poluentes, como China e Índia, contribuam para um fundo de compensação climática destinado a recuperar os países devastados por desastres causados ​​pelas mudanças climáticas.

Países insulares são nações independentes cujos territórios são formados por uma ilha ou um grupo de ilhas. Em 2011, dos 193 estados-membros da ONU, 46 eram países insulares, particularmente afetados pelo aquecimento global e o aumento do nível de mares e oceanos.

O primeiro-ministro da nação insular de Antígua e Barbuda, Gaston Browne, disse que o primeiro e o terceiro maiores emissores de gases de efeito estufa do mundo, respectivamente China e Índia, embora ainda sejam economias emergentes, deveriam ser responsabilizados pelos danos já causados ​​pelo aquecimento global.

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“Todos nós sabemos que a República Popular da China, a Índia – são grandes poluidores, e o poluidor deve pagar”, disse Browne. “Não acho que haja passe livre para nenhum país e não digo isso com qualquer acrimônia”, finalizou.

COP 27: China e Índia são cobrados a pagar por danos climáticos

O aquecimento global tem causado a elevação do nível de mares e oceanos (Foto: ONU).

O financiamento para a remediação dos danos causados pelas mudanças climáticas ainda é um ponto que gera muitas controvérsias. Os delegados da conferência concordaram em colocar o tema das perdas e danos na agenda formal pela primeira vez na história das negociações internacionais sobre o clima.

O termo “perdas e danos” refere-se aos custos já incorridos de extremos ou impactos climáticos causados ​​pelo aquecimento global e as mudanças climáticas, como o aumento do nível do mar que ameaça a existência dos países insulares.

Os mais populosos

Os países vulneráveis ​​à elevação do nível de mares e oceanos vêm pedindo a emissores históricos como Estados Unidos, Reino Unido e União Europeia que paguem pelas reparações climáticas. E agora China e Índia, os dois países mais populosos do planeta, também passam a ser cobrados formalmente a contribuírem com os países afetados pelas mudanças climáticas.

A China já havia declarado apoio à criação de um fundo de perdas e danos, mas não deixou claro se pagaria pelas remediações. No entanto, a União Europeia e os Estados Unidos já declararam que a China, como é o maior emissor de gases de efeito estufa do mundo, deveria pagar.

O objetivo do bloco de pequenos países insulares é ter a declaração de compromisso dos países ricos e dos principais emissores de gases de efeito estufa para o lançamento de um fundo multibilionário até 2024.

O principal negociador climático do Egito, Mohamed Nasr, entende que as negociações da COP27 servirão para dar alguma clareza sobre o caminho a seguir em relação ao tema de perdas e danos, mas que ainda há muitos pontos de vista discordantes.

“Agora temos um ponto de partida, por isso é mais simplificado e mais focado e esperamos que, no final das duas semanas, tenhamos algo que identifique o roteiro e os marcos a serem entregues”, disse Nasr, ao referir-se à criação de um mecanismo de financiamento.

Quem paga a conta

Em geral, os países ocidentais ricos defendem a adoção de planos mais audaciosos para a redução das emissões de gases de efeito estufa, mas, contraditoriamente, foram e ainda são os que mais contribuem com a poluição do planeta ao longo de mais de um século de industrialização baseada em combustíveis fósseis.

As finanças devem ocupar o centro das negociações climáticas da COP27 nos próximos dias. O enviado especial para o clima da China, Xie Zhenhua, disse que Pequim está comprometida em alcançar a neutralidade de carbono, já que é o maior emissor de gases de efeito estufa do mundo, mas acredita que o multilateralismo e a cooperação internacional são fundamentais para lidar com os efeitos das mudanças climáticas globais.

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