A quinta camada da Terra pode ajudar a entender a evolução do campo magnético que protege o planeta
Para a maioria dos cientistas, sempre houve apenas quatro camadas da Terra: a crosta, o manto, o núcleo externo líquido e o núcleo interno sólido. Agora, um estudo revela a existência de uma nova camada dentro do núcleo interno do nosso planeta, que pode ajudar a esclarecer como ocorreu a evolução de seu campo magnético.
Sismólogos da Universidade Nacional Australiana registraram novas evidências de uma bola metálica sólida de 643 km de espessura no centro do núcleo interno da Terra.
A nova camada consiste em uma liga de ferro-níquel, como outras partes do núcleo. Mas tem uma estrutura cristalina diferente que faz com que as ondas de choque dos terremotos reverberem através da camada em velocidades diferentes da camada circundante, revela o estudo.
“Claramente, o núcleo interno mais interno tem algo diferente da camada externa”, disse Thanh-Son Pham, principal autor do estudo. “Achamos que a maneira como os átomos são conectados nessas duas regiões é um pouco diferente. ”
Campo magnético
Os pesquisadores estudam a camada interna para entender melhor o campo magnético da Terra, que nos protege da radiação nociva no espaço e ajuda a tornar a vida possível em nosso planeta natal. Os geofísicos supõem que o núcleo interno poderia ter se formado há menos de um bilhão de anos, o que é relativamente jovem em uma escala de tempo geológico.
Os autores do estudo explicam que o núcleo interno cresce para fora solidificando materiais do núcleo externo líquido, liberando calor e criando correntes de convecção. Esse fenômeno gera o campo magnético da Terra.
O núcleo interno, descoberto em 1936 pelo sismólogo dinamarquês Inge Lehmann, representa menos de 1% do volume da Terra (o centro da Terra está localizado a cerca de 6.437 km abaixo da superfície). Sua distância abaixo da superfície e tamanho pequeno, no entanto, tornam difíceis as medições diretas, então, em vez disso, eles estudam ondas de choque desencadeadas por terremotos.
Aprender as origens das camadas internas do núcleo pode nos ajudar a entender mais sobre como o campo magnético se formou – e, por extensão, como a vida pode sobreviver na Terra e em outros planetas.
“A formação do núcleo interno foi extremamente importante para a criação de um planeta habitável a longo prazo porque a camada interna alimentava o campo magnético responsável pela blindagem do planeta”, afirma John Tarduno, professor de geofísica na Universidade de Rochester. “Sem isso, teríamos gradualmente perdido água do planeta.”