Yevgeny Prigozhin se referia à falta de apoio de Moscou para a tomada da cidade de Bakhmut, no leste da Ucrânia: "burocracia comum ou uma traição"
O chefe do grupo paramilitar Wagner afirmou que não está recebendo do governo russo a munição necessária para obter o controle da cidade de Bakhmut, no leste da Ucrânia. O líder mercenário Yevgeny Prigozhin vem reclamando há dias da falta de apoio logístico e militar da Rússia e desta vez foi mais incisivo. Afirmou que ou é “burocracia comum ou uma traição”.
Em uma postagem feita no domingo (05/03), Prigozhin se queixou que os pedidos de munição ao comando das forças militares russas foram feitos em 22 de fevereiro, com previsão de entrega em Bakhmut no dia seguinte, mas a maioria dos pedidos não foi enviada ao destino, segundo o empresário.
No sábado, Prigozhin postou um vídeo, aparentemente gravado em fevereiro – em que o empresário da guerra sugere que seus homens estariam sendo tratados pela Rússia como bodes expiatórios na guerra contra a Ucrânia. “Se recuarmos, ficaremos para sempre na história como as pessoas que deram o passo principal para perder a guerra”, afirmou Prigozhin.
No mesmo vídeo, o líder do grupo Wagner fala em “fome de projéteis” ao se referir à falta de munição. Prigozhin pergunta por que as autoridades russas não enviam as munições e ele mesmo responde. “Eles não querem nos armar porque acham que somos canalhas, é por isso que não nos dão munição, não nos dão armas e não nos deixam reabastecer nosso pessoal, inclusive dentre os presos?”, afirmou o chefe paramilitar.
Essa declaração demonstra que as relações entre o grupo Wagner e Moscou parecem estar azedando. O grupo Wagner tem milhares de soldados mercenários na Ucrânia, alguns deles recrutados diretamente em prisões russas, em troca de dinheiro e promessa de perdão das penas. No vídeo de sábado, Prigozhin afirmou claramente que a linha de frente da Rússia entraria em colapso sem as tropas mercenárias do grupo Wagner.
Nenhuma autoridade ligada ao Ministério da Defesa ou ao comando das tropas militares russas comentaram as declarações de Yevgeny Prigozhin.