GUERRA
Chefe de grupo paramilitar quer ser presidente da Rússia
Yevgeny Prigozhin, dono do Grupo Wagner. (Foto: Associated Press)

Chefe de grupo de mercenários quer ser presidente da Rússia

O chefe do grupo Wagner, Eugeny Prigozhin, estaria interessado no cargo de Vladimir Putin

Por: Mario Augusto
Da redação | 18 de abril de 2023 - 20:55
Chefe de grupo paramilitar quer ser presidente da Rússia
Yevgeny Prigozhin, dono do Grupo Wagner. (Foto: Associated Press)

Eugeny Prigozhin, chefe do grupo mercenário Wagner, tem pretensões de ser o sucessor de Vladimir Putin na presidência da Rússia. Figura extremamente polêmica, Prigozhin ocupa quase que diariamente as manchetes dos jornais russos com comentários bombásticos sobre a guerra na Ucrânia e, agora, estaria de olho no poder político.

Além do grupo paramilitar, o oligarca russo controla uma rede de empresas influentes que vão da área de importação e exportação a uma rede de serviços de alimentação, que fornecem refeições para o Exército e até para o Kremlin. Na década de 1980, bem antes de sonhar em servir a Putin, Prigozhin passou nove anos na prisão, na antiga União Soviética, acusado de roubo.

Antes de enviar seu exército de mercenários para algumas das batalhas mais sangrentas da Ucrânia, Prigozhin dirigiu um grupo de hackers, cuja missão era fazer postagens on-line ofensivas ou provocativas com o objetivo de tumultuar e interferir nas eleições dos EUA.

Chefe de grupo paramilitar quer ser presidente da Rússia

Eugeny Prigozhin serve o então primeiro-ministro russo Vladimir Putin, em 2011, durante jantar no restaurante Prigozhin nos arredores de Moscou. (Foto AP/Misha Japaridze, Arquivo) 

Agora, analistas políticos acreditam que Prigozhin está tentando controlar um partido político na Rússia para lançar-se ao posto mais alto do país. Analistas do Instituto para o Estudo da Guerra alertam que essa atitude do empresário russo poderia desencadear um “fracionamento dentro do Kremlin”.

“Está claro que ele está tentando se posicionar para desempenhar um papel público na política russa”, afirma Mark Beissinger, professor de política na Universidade de Princeton. “Há uma questão que paira cada vez mais sobre a política russa: o que acontecerá depois de Putin”, pergunta.

“Putin não corre o risco de ser derrubado”, continuou ele. “Mas ele está envelhecendo e, à medida que os ditadores envelhecem, aqueles com ambições tentam se posicionar para potencialmente preencher a lacuna deixada pela morte do líder”, conclui Beissinger.

A força de Prigozhin

O poder político de Prigozhin repousa sobre o Grupo Wagner, pois nenhum outro político russo tem à sua disposição uma força paramilitar. Com o uso ostensivo do seu exército particular de mercenários, o magnata russo multiplicou a sua fortuna vendendo segurança e proteção a “regimes africanos fracos em troca de minas de ouro”, aponta Beissinger.

Mas há um detalhe importante. Dificilmente, Prigozhin enfrentaria Putin diretamente. Para alcançar o poder, ele precisaria do aval do atual presidente. Na realidade, o “Chef de Putin”, como é conhecido, não tem amigos nem aliados na Rússia. De acordo com Beissinger, ele é tolerado pelo stablishment porque é útil para Putin e para o Estado. “Ele presta serviços ao Estado na Ucrânia que os militares não podem prestar.”

Com a fama de implacáveis ​​e brutais, os mercenários de Wagner são acusados ​​de cometer atrocidades contra os direitos humanos. Vídeos gravados no campo de batalha na Ucrânia, mostram mercenários de Wagner executando desertores a marretadas, além de várias denúncias de estupros de mulheres ucranianas e violência contra crianças.

“Mesmo que lhe fosse permitido maior poder, ele seria um instrumento do Kremlin, em vez de ter qualquer autonomia real”, afirma Mark Galeotti, analista da política russa. Mas o analista adverte. “Acho que é sempre perigoso descartar Prigozhin. Ele é empreendedor. Ele é oportunista e implacável. Ele fará o que for preciso.”

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