Mina de cobre pode ter gerado a cratera, que já tem 50 metros de diâmetro e 200 de profundidade
Técnicos do Serviço Nacional de Geologia e Mineração do Chile (Sergeanomin) investigam há quase um mês os mistérios que envolvem o surgimento de uma cratera circular no deserto do Atacama, na cidade de Tierra Amarilla, a 665 quilômetros da capital Santiago.
O fenômeno geológico intriga e preocupa o governo chileno e, principalmente, a população de 15 mil habitantes de Tierra Amarilla, um vilarejo nos arredores de onde surgiu, de um dia para outro, a enorme cratera.
O buraco apareceu no final de julho com cerca de 25 metrôs de diâmetro, em formato circular. Foi crescendo e agora a boca do gigante já dobrou e está mais de 50 metros. Em profundidade, geólogos calculam que esteja em 200 metros, 30 metros a mais do que o maior prédio de São Paulo, o Mirante do Vale, no Anhangabaú, com 170 metros de altura.
Até o momento nenhum material estanho ou objeto foi encontrado dentro da cratera, apenas água.
Diante do crescimento rápido do diâmetro, moradores de Tierra Amarilla temem que o buraco oferecer riscos à população. Por enquanto, tanto o governo quanto a mineradora responsável pelo terreno, afirmam que nenhum perigo foi detectado para a cidade.
Mas o equipamento apresenta uma limitação de alcance. Só consegue atingir a profundidade de 60 metros. Se a anomalia for mais profunda, os técnicos não poderão observá-la.
Na semana passada, o presidente do Chile, Gabriel Boric, visitou o local para acompanhar os trabalhos dos peritos. O prefeito de Tierra Amarilla, Cristobal Zúñiga, levantou uma hipótese sobre a origem da cratera. Para ele, trata-se de uma consequência das atividades extrativistas inconscientes e descontroladas que são realizadas no local.
As instalações da mina Alcaparrosa pertencem à empresa empresa sueco-canadense Lundin Mining, que é dona de 80% da área de exploração de minério de cobre. Representantes da multinacional já se manifestaram afirmando que são necessários mais estudos para determinar a origem da cratera.
A mina de cobre, que fica perto do buraco, foi interditada pelo governo, sem data para ser reaberta. O prefeito de Tierra Amarilla, solicitou que os estudos sejam concluídos o mais rápido possível.
Moradores reclamam que a mina já gera problemas sérios aos moradores. A poluição gerada pela mineração afeta o lençol freático e a população não pode beber água local, sendo obrigada a compra água potável em outras localidades.
O presidente do Chile também cobra rapidez nas investigações. “O buraco é a ponta do iceberg de uma série de problemas que afetam a Tierra Amarilla. Este é um modelo de desenvolvimento que não tem sido benéfico para a comunidade e isso deve mudar”, afirmou Boric.