Taxas de juros americanas subiram menos do que se esperava; na Europa, o preço do gás recuou; no Brasil, efeito da eleição com freio à esquerda
Da Bloomberg News
As ações começaram a semana com grandes ganhos nos Estados Unidos, depois de sofrerem o pior setembro em duas décadas. Isso foi provocado principalmente pela divulgação das novas taxas de juros do Tesouro dos Estados Unidos, menores do que se previa. Os mercados viram nisso um sinal de que o Federal Reserve — o banco central americano — não continuará elevando tão fortemente as taxas, como vinha sendo projetado.
Como resposta, 97% das ações do S&P 500 fecharam a 2ª feira no verde, no melhor desempenho diário do indicador desde julho. Foi uma espécie de reviravolta contra pessimismo extremo, que vinha se impondo no mercado de ações dos EUA, que registrou em 2022 seu terceiro pior desempenho durante os primeiros nove meses de um ano desde 1931. Nesta terça-feira, o mesmo otimismo persistiu. Praticamente todos os índices das bolsas do mundo registraram altas expressivas (S&P 500 2,8%, Nasdaq 3,2 e Euro Stoxx, 4,2%).
Em um mundo de más notícias, são boas as que emergem neste momento das políticas do FED, o bc americano. Depois que o indicador de atividade industrial do Institute for Supply Management mostrou que a economia está capengando, a autoridade monetária dos EUA parece ter percebido que precisa conter a fúria na subida dos juros. O presidente do Fed Bank de Nova York, John Williams, alertou, no entanto, que o banco central ainda terá muito trabalho a fazer para conter a inflação.
No Brasil, o crescimento da candidatura de Jair Bolsonaro e de seus apoiadores e partidos de centro e à direita, no Congresso, nas eleições de domingo, também resultaram em uma alta recorde, de 5,5% na Bolsa de São Paulo, na segunda-feira. Nesta terça, estabilidade. Investidores entenderam que, mesmo que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva vença as eleições no segundo-turno, no final de outubro, terá dificuldade de impor como bem entender uma agenda de esquerda à economia do país.
Na Europa, apesar da guerra na Ucrânia, a semana também começou com otimismo, com altas nas bolsas geradas principalmente pela queda nos preços do gás no continente. Sinal de que os países europeus estão obtendo sucesso nas alternativas buscadas para superar os cortes de fornecimento da Rússia ao Ocidente.
“O tom resiliente de sexta-feira continuou prevalecendo nos mercados nesta semana, à medida que os preços do gás caem na Europa e crescem as esperanças de que a inflação nos EUA já teria batido no teto”, diz o analista da CMC Markets, Michael Hewson.