O Bellingcat, grupo de jornalistas e pesquisadores independentes, vem acompanhando a movimentação de tropas russas em território da Ucrânia, para irritação dos dirigentes do Kremlin. Os dados levantados pelo grupo revelam os tipos de veículos, capacidade militar e de transporte de tropas. Também indicam que boa parte do deslocamento de forças da Rússia é feito através da fronteira com a Bielorussia, cujo governo ditatorial é um fiel aliado de Moscou. O nome Bellingcat vem de uma junção de duas palavras em Inglês e significa o sino do gato – que avisa de que algo está acontecendo.

Os investigadores do Bellingcat conseguiram identificar até as placas dos veículos fotografados nas estradas da Ucrânia e conseguem determinar se alguns deles, que não têm características militares, são utilizados por funcionários dos serviços de inteligência ou do Ministério da Defesa da Rússia. A apuração foi mais longe, tornando possível identificar o local de origem de cada um dos veículos fotografados. Uma página do site do Bellingcat contendo esses dados já recebeu mais de 150 mil visualizações.

Jornalistas identificam até carros utilizados pelo serviço secreto russo. Crédito: Bellingcat.

Perseguição a opositores

Além da questão militar na Ucrânia, as equipes do Bellingcat investigam diversos crimes atribuídos aos serviços secretos da Rússia. Entre eles, o envenenamento de Alexei Navalny, advogado e ativista que tentou se eleger para vários cargos públicos, com uma plataforma de combate à corrupção. Ferrenho opositor de Vladimir Putin, Navalny foi preso em diversas ocasiões.

Em Agosto de 2020, Navalny passou mal durante de Omsk, na Sibéria, com destino a Moscou. O avião fez um pouso de emergência, ele recebeu um tratamento precário e, em seguida, foi transferido para a Alemanha. Internado num hospital de Berlim, os exames constataram que ele foi envenenado, provavelmente, durante o voo, com Novichok, um agente químico que ataca vários órgãos, além do sistema nervoso. O envenenamento foi atribuído a agentes do FSB, o serviço secreto russo que substituiu a antiga KGB.

Em Janeiro de 2021, Navalny deixou o hospital de Berlim e retornou à Rússia, mas o avião em que viajava teve sua rota desviada e ele foi preso ao desembarcar. Condenado a 2 anos e 8 meses de prisão, ele foi levado para uma colônia penal a 100km de Moscou. Seus familiares dizem que ele tem enfrentado várias doenças, além dos maus tratos na prisão.

Mortes estranhas

Alexei Navalny é apenas um dos opositores do governo russo que foram perseguidos no país ou no exterior, alguns dos quais pagaram com a vida. Alexandre Litvinenko, ex-agente do serviço secreto russo, morreu em Londres, vitima de envenenamento por Polonio-210, substância radioativa. O empresário Boris Berezovsky, foi encontrado enforcado na sua residência, em Londres. A jornalista Anna Politkovskaya, que escreveu vários artigos e reportagens criticando a invasão russa na Chechenia,foi assassinada na porta de sua casa, em Moscou.