Com a inflação de quase 100% e a desvalorização do peso, cresce o volume de notas nos cofres
O peso argentino vem se desvalorizando num ritmo acelerado e, à medida que a inflação beira os 100%, os bancos estão com dificuldades para estocar tantas notas em suas sedes e filiais. Simplesmente, não há espaço nos cofres para armazenar tantas cédulas. Em Dezembro, o governo argentino lançou a nota de mil pesos, que agora vale apenas 3 dólares, pelo chamado “dolar blue”. Esse não é o câmbio oficial, mas é o mais usado. Troca-se nos bares, nas lojas, nas esquinas ou até pela entrega rápida, pelos serviços motorizados.
Atualmente, no câmbio oficial, com um dólar compra-se 182 pesos argentinos. Mas, no blue, um dólar vale 320 pesos. Com 1 Real, no câmbio oficial, compra-se 34 pesos. No blue, com 1 Real, compra-se 62 pesos.
Entidades bancárias e do comércio estão apelando ao Banco Central argentino para que lance uma cédula maior do que a de mil pesos, uma vez que está cada vez mais difícil lidar com um volume enorme de notas, algumas com valor muito baixo. Além de mais cofres, os bancos também foram obrigados a montar esquemas especiais para transporte de dinheiro entre as sedes e as agências.
A Federação do Comércio de Buenos Aires distribuiu nota alertando para o risco de transportar grandes volumes de cédulas, o que provoca insegurança, além das dificuldades de armazenamento. Calcula-se que a Argentina tem, atualmente, em circulação, cerca de 3,8 trilhões de pesos, algo em torno de 21 bilhões de dólares. Isto significa quatro vezes mais do que os 895 bilhões que circulavam, em 2019, quando o atual presidente Alberto Fernandez assumiu o governo.
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Turistas em visita à Argentina, que quiserem escapar do imposto cobrado pelas despesas fora do país, o (IOF), são obrigados a andar com montes de notas. Além do incômodo natural, os volumes podem chamar a atenção de batedores de carteiras. Com a crise econômica que provoca desemprego e leva parte da população a limites da sobrevivência, cresce também a criminalidade.
Dados do Instituto Nacional de Estatística e Censos da Argentina indicam que 42% da população argentina – ou seja, 19 milhões de pessoas – vive, atualmente, abaixo da linha de pobreza, ou seja, mal conseguem fazer três refeições por dia.
Organismos oficiais e internacionais calculam que mais de 40% da população argentina vive atualmente abaixo da linha de pobreza, ou seja, mal conseguem ter três refeições por dia.