A conquista traz alento para a população que vive um dos piores momentos econômicos da história
A conquista do tricampeonato mundial é comemorada intensamente em toda a Argentina. A festa começou no domingo, logo após a vitória eletrizante sobre a França, e deve se prolongar até o final desta segunda-feira quando é prevista a chegada da seleção argentina ao país.
Todavia, os governadores das províncias de la Rioja e Catamarca não quiseram esperar. Decretaram feriado regional nas duas localidades.
Em Buenos Aires uma onda impressionante de torcedores festejou na região central da capital argentina. Aliás, Buenos Aires inteira se vestiu de azul e branco para a festa. Não somente no Obelisco, na Plaza de Mayo e na avenida 9 de Júlio, os mais importantes cartões-postais da cidade.
Seria pouco espaço para abrigar tantos torcedores. Por isso, as comemorações aconteceram também em bairros tradicionais como Belgrano, com concentrações nas avenidas Cabildo e Juramento, além de Caballito, Acoyte, Rivadavia e Parque Chacabuco.
Em Rosário, cidade natal de Messi, como era de se esperar, a multidão tomou conta das ruas logo após a vitória da Argentina.
Que no pare nunca!!!
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A noite caiu e os torcedores não arredaram o pé do Obelisco. Estima-se que mais de 1 milhão de pessoas se concentraram em torno do monumento mais tradicional de Buenos Aires. O trânsito foi interrompido durante a noite. Alguns torcedores invadiram o monumento depois das 22h. Eles arrombaram a porta de entrada e subiram até a cúpula. Um deles saiu de uma janela e ficou com o corpo para fora. Depois de muita negociação, os torcedores foram convencidos a descer.
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Em Bahia Blanca, cidade que fica a 650 de Buenos Aires, um motociclista morreu durante as comemorações. Ele se enforcou acidentalmente com uma bandeira da Argentina presa ao pescoço. O torcedor estava de moto e a bandeira enroscou em uma das rodas do veículo e o jogou ao chão.
Por causa do grande adensamento de torcedores no centro de Buenos Aires, os serviços de transporte público foram suspensos, por precaução, desde o início da festa e só foi restabelecido durante a madrugada.
Às 3h00 da madrugada, os torcedores argentinos continuavam lotando a região do obelisco. A festa raiou o dia com música, bandeiras e muitas canções.
Vários jogadores alvicelestes dedicaram a conquista da Copa do Catar à população argentina. Um alento para mais de 45 milhões de argentinos que vivem uma das maiores crises econômicas de todos os tempos. A inflação acumulada até novembro está na casa de 92,4%, segundo o Instituto Nacional de Estatística e Censo, o Indec.
Os níveis de pobreza foram superiores a 36% no primeiro semestre deste ano e a pobreza extrema subiu para 8,8%, colocando cerca de 2,6 milhões de pessoas em condições degradantes de sobrevivência. Muitos estão recorrendo à reciclagem de lixões ou fazendo fila para trocar seus pertences em clubes de troca.
A Argentina deve registrar o maior aumento de preços este ano desde o período da hiperinflação na década de 1990, impactada pela instabilidade política interna e as consequências econômicas da guerra na Ucrânia.
A situação de momento na Argentina se assemelha muito a 1986, quando a seleção de Maradona conquistou o bicampeonato mundial. Naquele ano, a inflação do governo de Raúl Alfonsin era ainda maior, estava na casa de 116% quando Diego Maradona levantou a taça da Copa.
O triunfo da alviceleste traz alegria para o povo argentino, que mereceu a conquista do título mundial de 2022. Mas a população espera também mudanças na condução da política e na economia do país que resultem em melhores condições de vida, principalmente para os mais pobres.
