ECONOMIA

Após euforia da vitória, Giorgia Meloni enfrenta a realidade

Em meio à crise, nova primeira-ministra tem dificuldade para encontrar um ministro de Finanças

Por: Mario Augusto
Da redação | 12 de outubro de 2022 - 17:23

As promessas feitas por Giorgia Meloni de levar a Itália à prosperidade econômica num curto espaço de tempo começam a se chocar a realidade. Passada a euforia da eleição, a nova primeira-ministra trabalha para formar um governo de coalizão e tentar promover uma retomada do crescimento.

Desde a sua vitória em 25 de setembro, Meloni ainda não conseguiu encontrar um ministro das Finanças que aceite a missão de tocar uma economia em crise e encontrar as saídas prometidas durante a campanha eleitoral. Uma das principais tarefas será enfrentar a recessão que se aproxima nos próximos meses, de acordo com previsões do Fundo Monetário Internacional.

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Meloni terá de encontrar alguém com perfil técnico e que compartilhe das ideias dela. Além disso, ela tem duas frentes de batalha. Uma com os parceiros da coalizão de direita, especialmente Matteo Salvini, da Liga, que defende um enfrentamento com a União Europeia. Salvini acusa a UE de interferir nos assuntos internos da Itália. A outra batalha é justamente com o bloco. Para conceder os empréstimos de dezenas de bilhões de euros que a Itália precisa, a UE exige que o país assuma certos compromissos relacionados tanto com a estabilidade econômica, como na política externa, afinando-se mais com seus parceiros no bloco.

Giorgia Meloni precisa de um ministro que ofereça credibilidade aos mercados e garanta aos investidores que a dívida italiana, que corresponde a 145% do PIB, pode ser gerenciada de forma sustentável.

Desaceleração da economia

“Estamos prevendo uma desaceleração muito acentuada para o próximo ano”, anunciou Pierre-Olivier Gourinchas, economista-chefe do FMI em entrevista coletiva em Washington. “Em grande parte, isso se deve aos preços da energia e à dependência que a Itália tem do gás. Também estamos vendo o impacto do aperto da política monetária na zona do euro e também a fraca demanda externa”, destacou.

As previsões dos analistas de mercado indicam que a terceira maior economia do bloco europeu deve encolher 0,2% no ano que vem. Ao lado da Alemanha, a Itália é um dos  membros da União Europeia que enfrenta uma forte queda na produção. Os dois países tem uma grande dependência do gás da Rússia.

Giorgia Meloni enfrenta dificuldades com a União Europeia e com aliados políticos. (Foto: Instagram)

Aprovação do orçamento

A primeira-ministra tem exatamente 30 dias para atualizar e incluir no seu plano orçamentário as propostas que foram prometidas na campanha eleitoral da qual saiu vitoriosa. O orçamento que será submetido ao parlamento da União Europeia, precisa ser aprovado até dezembro para ser executado no ano que vem.

Giorgia Meloni vai ter que enfrentar crise enérgica, desaceleração da economia italiana, inflação em alta e taxas de juros que não param de crescer. Essa combinação de fatores deve limitar seu poder de ação.

A favor de Meloni, a economia italiana apresentou uma pequena melhora de desempenho, impulsionada pelo turismo e o setor da construção civil. A produção industrial cresceu 2,3% em agosto e a nova primeira-ministra receberá uma ajuda de emergência de 9 bilhões de euros (US$ 8,8 bilhões) para os compromissos mais urgentes.

Apoio aos vulneráveis 

O país negocia com a União Europeia a liberação de uma ajuda financeira no valor de 200 bilhões de euros, mas para liberação imediata, já nos próximos meses, a Itália receberia algo em torno de 80 bilhões, dinheiro que seria usado para pagamento de dívidas.

Diante do problema econômico gigantesco para resolver, o vice-diretor do departamento de pesquisa do FMI, Petya Koeva Brooks, recomendou que a primeira-ministra “concentre-se em fornecer apoio aos mais vulneráveis”.

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