Análise feita por mais de 500 cientistas, de 60 países, aponta para os riscos de um planeta cada vez mais aquecido
O nível do mar está aumentando em diversas partes do globo e isto, combinado com a concentração de gases de efeito estufa, eleva os riscos para milhões de pessoas, em todo o mundo. O alerta consta do 32º Relatório Anual “O Estado do Clima” da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA) dos EUA, que também chama a atenção para a elevação das temperaturas das águas oceânicas, outro fator de risco.
De acordo com o relatório, tanto o aumento do nível das águas dos mares e a concentração de CO2, bateram recordes em 2021.
“Os dados apresentados nas pesquisas são claros. Continuamos a ver evidências científicas mais convincentes de que a mudança climática tem impactos globais e não mostra sinais de desaceleração”, disse Rick Spinrad, administrador da NOAA. E completou: “a crise climática não é uma ameaça futura. Estamos vivendo isso agora com muitas comunidades atingidas com mais de 1000 inundações por ano, a seca excepcional ou ainda um calor histórico”.
De acordo com o relatório, os gases do efeito estufa da Terra foram os mais altos já registrados. As principais concentrações atmosféricas de dióxido de carbono, metano e óxido nitroso tiveram novos recordes em 2021. A concentração média anual global de dióxido de carbono atmosférico foi de 414,7 partes por milhão (ppm). Isso foi 2,3 ppm maior que os valores de 2020 e foi o mais alto medido na era moderna, bem como o mais alto pelo menos no último milhão de anos com base em registros paleoclimáticos.
A tendência de aquecimento da Terra continuou. Uma série de análises científicas indica que as temperaturas anuais da superfície global foram de 0,21 a 0,28 graus acima da média de 1991 a 2020. Isso coloca 2021 entre os seis anos mais quentes desde que os registros começaram em meados do século XIX. Os últimos sete anos (2015-2021) também foram os mais quentes já registrados, e a temperatura média da superfície global aumentou a uma taxa média de 0,08 – 0,09 graus por década desde o início do registro.
A temperatura das águas oceânicas e o nível do mar também foram os mais altos já registrados. O conteúdo global de calor oceânico, medido da superfície do oceano a uma profundidade de mais de 1828 metros, continuou a aumentar e atingiu novos recordes em 2021. Pelo 10º ano consecutivo, o nível médio global do mar também subiu e foi cerca de 97 milímetros acima da média de 1993, o ano que marca o início do registro de medição por satélite.
A atividade dos ciclones tropicais também esteve bem acima da média em 2021. Houve 97 tempestades tropicais nomeadas no Hemisfério Norte e Sul no ano passado, bem acima da média de 87 de 1991-2020. Sete ciclones tropicais atingiram intensidade de Categoria 5 na Escala de Ventos de Furacões Saffir-Simpson. O furacão Ida, de categoria 4, foi a tempestade mais impactante no Atlântico. Com 75 bilhões de dólares em danos, ele foi o desastre mais caro dos EUA em 2021 e o quinto furacão mais caro registrado desde 1980. O Super Tufão Rai foi o terceiro mais caro da história das Filipinas, causando cerca de 1 bilhão de dólares em prejuízo e mais de 400 mortes.
Todas as informações do 32º Relatório Anual “O Estado do Clima” da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA) são baseadas em contribuições de mais de 530 cientistas de mais de 60 países.