Preços na Europa começam a cair após anúncio de substitutos para o gás russo
The Washington Post
A Alemanha está perto de fechar um grande contrato de fornecimento de gás com os Emirados Árabes Unidos, como parte de um esforço do país para enfrentar o boicote nas exportações da Rússia. Um acordo neste sentido deve ser assinado pelo chanceler Olaf Scholz, que viaja nesta semana aos Emirados.
Além dos Emirados Árabes Unidos, a Alemanha também espera fechar acordos com o Catar e Arábia Saudita, para compra de combustíveis. Em relação ao Catar, fontes do governo alemão revelaram que as negociações tiveram início há algum tempo, mas não avançaram diante de duas dificuldades: os governantes locais estão jogando duro na questão dos preços, tentando se aproveitar da alta demanda no mercado; e também não querem se comprometer com acordos de longo prazo.
Diante das notícias de que os países mais prejudicados pelo corte no fornecimento de gás pela Rússia estão buscando outros fornecedores, os preços do gás na Europa começaram a cair, alcançando o nível mais baixo, nos últimos dois meses.
Os preços de referência caíram até 8,8%, nesta segunda-feira, estendendo o declínio da semana passada. Alemanha, Reino Unido e outros planejam gastar bilhões para aliviar a dependência das importações russas, resgatar empresas de energia locais e limitar os preços para aliviar as pressões sobre empresas e famílias.
As discussões sobre as propostas da Comissão Europeia para ajudar a reduzir o impacto da crise continuam, mas ainda precisam ser aprovadas pelos Estados membros. Os planos incluem levantar 140 bilhões de euros (US$ 140 bilhões) com impostos mais altos sobre empresas de energia, restrições obrigatórias ao uso de energia durante os horários de pico e aumento da liquidez.
As novas entregas de gás natural liquefeito estão jogando os preços para baixo, bem como o recém-inaugurado terminal de Gás Natural Liquefeito (GNV) no porto de Eemshaven, no norte da Holanda, que aumenta a capacidade de importação de combustíveis pela Europa.
A decisão da Alemanha de assumir o controle da refinaria de petróleo alemã da empresa russa Rosneft PJSC é vista como o primeiro passo de uma reforma que poderia dar a Berlim mais controle sobre o setor de energia, na maior economia da Europa. O governo também está em negociações para nacionalizar os maiores importadores de gás da Alemanha, incluindo Uniper e VNG, segundo pessoas familiarizadas com as discussões.
O Reino Unido está desenvolvendo um plano que pode reduzir pela metade as tarifas de energia para muitas empresas, como parte de um pacote de apoio de £ 40 bilhões (US$ 46 bilhões) que está sendo finalizado pela nova primeira-ministra Liz Truss. A França quer limitar os aumentos dos preços da energia para as famílias. Essa é uma medida que custará ao governo 16 bilhões de euros, em 2023, segundo o ministro das Finanças, Bruno Le Maire.
A eficácia dessas medidas será testada, no início da temporada de inverno na Europa, em dezembro, embora ainda no Outono já se possa ter uma ideia. Os estoques europeus estão cerca de 86% cheios, um pouco acima da média de cinco anos, de acordo com a Gas Infrastructure Europe.
Apesar da desaceleração nas últimas semanas, os preços do gás ainda estão mais de sete vezes acima da média para esta época do ano, piorando a inflação e colocando as economias à beira da recessão. Espera-se que a demanda aumente, gradualmente, antes do início da temporada de aquecimento em 1º de outubro.
As temperaturas devem cair abaixo do normal no final do mês, mostram as previsões meteorológicas. “O mercado de gás europeu permanece no fio da navalha com a aproximação do inverno”, disseram os analistas da Timera Energy.