Pesquisa mostra que os homens procuram menos os amigos em busca apoio emocional do que as mulheres
Amizade significa muito mais do que encontros casuais na escola, no esporte, no trabalho – ou para um drink depois do trabalho. Cultivar amizades é um fator fundamental na experiência humana, alerta um estudo publicado pelo Survey Center of American Life.
A questão é que conservar amizades ao longo da vida adulta é missão difícil, especialmente para os homens, de acordo com a pesquisa desenvolvida por especialistas de várias áreas da Universidade de Stanford, na Califórnia. E aqueles que mantêm amizade com outros homens dizem que tendem a ter níveis mais baixos de intimidade emocional do que as mulheres relatam, porque muitos temem que relacionamentos muito próximos possam ser confundidos com homossexualismo
E apenas 1 em cada 5 já disseram ter recebido algum apoio emocional de amigo na última semana, para 4 em cada 10 mulheres. Assim como eles procuram menos os amigos para tratar sobre assuntos pessoais, eles também acabam recebendo menos apoio emocional de amigos próximos em momentos difíceis.
A diminuição das amizades entre os homens começa entre a metade e o final da adolescência e prossegue ao longo da vida adulta, diz a professora Judy Yi Ching Chu, que leciona Psicologia, na Universidade de Stanford. E aqueles que mantêm algum relacionamento próximo com os amigos revelam que existe pouco envolvimento emocional nestas ligações, acrescenta a professora.
O estudo avaliou o comportamento masculino em diversas situações. Uma delas foi na vida de solteiro. Diferentemente das mulheres, quando há um problema na vida, 39% dos homens dizem recorrer aos pais. Já o grupo feminino opta mais pelas amizades, e a busca pelos pais cai para 26%.
Dentro de um casamento, a situação muda. Os homens pesquisados optam por escolher a cônjuge para enfrentar os problemas pessoais, 85%. Enquanto que as mulheres, na mesma situação, o número muda para 72%.
As mulheres tendem a ter mais amigos e serem mais satisfeitas em relação a eles. “A maioria (54%) delas afirma estar totalmente ou muito satisfeita com suas amizades, enquanto só menos da metade dos homens (48%) demonstra satisfação com os amigos que têm”, explicam os pesquisadores. O número de melhores amigos também vem caindo com o passar dos anos.
“Menos da metade dos americanos declaram ter um ‘melhor amigo’ hoje. Em 1990, 75 por cento dos homens relataram ter um melhor amigo, um declínio dramático nas últimas três décadas”, aponta a pesquisa.
Segundo o Dr. Frank Sileo, psicólogo de Nova Jersey, pesquisador sobre amizades masculinas desde 1995, o principal motivo para essa resistência são os estereótipos que giram em torno dos homens. Ele explica que, muitas vezes, os pesquisados até confundiam amizade próxima com homossexualidade.
Ele explica que todos nascem com duas características, a sensibilidade e a dureza. Entretanto, a cultura machista dividiu esses comportamentos de acordo com os gêneros. Sendo assim, demonstrar sensibilidade é vista por muitos homens como uma ameaça por remeter ao público feminino.
A pesquisa conduzida pela Survey Center on American Life entrevistou 2.019 adultos, de 18 anos ou mais, entre os dias 14 e 23 de maio de 2021.