Novidade será testada no mês que vem em julgamento de infração de trânsito em um tribunal dos EUA
Não é obra de ficção científica. Em breve o mundo verá o primeiro robô-advogado atuando em defesa de um réu no tribunal. A novidade foi anunciada pela empresa norte-americana DoNotPay que vai realizar a primeira experiência real em um tribunal americano no mês de fevereiro.
A localização do tribunal e o nome do réu estão sendo mantidos em sigilo pela empresa de tecnologia que criou a inteligência artificial inicialmente voltada para a auxiliar as pessoas a resolverem problemas simples do dia a dia, como multas de trânsito, mas que agora presta suporte também em vários tipos de processos judiciais.
O robô-advogado será o primeiro a aconselhar um réu em um tribunal. Na verdade a máquina não estará presencialmente diante do juiz e do reú. A inteligência artificial estará conectada via telefone celular. O robô ouvirá a leitura da peça acusatória durante a audiência e, no momento oportuno, instruirá o réu sobre o que dizer por meio de um fone de ouvido e apresentará os argumentos que ele deve usar em sua defesa.
Seria como um jogo de tabuleiro da inteligência artificial contra um jogador humano, o que já foi experimentado no mundo real. Em fevereiro de 1996, o supercomputador Deep Blue venceu o lendário jogador Garry Kasparov, o melhor enxadrista do mundo na época.
Se essa novidade vingar nos tribunais norte-americanos e outros lugares do mundo, a máquina de inteligência artificial duelaria com a acusação apresentando todos os argumentos jurídicos disponíveis, bem como as principais decisões jurisprudenciais em casos semelhantes para convencer o juiz a decidir favoravelmente ao cliente do robô.
Seria um duelo justo, com paridade de armas? Além de roubar o emprego de milhares de advogados a inteligência artificial criaria uma barreira intransponível para os promotores de justiça que oferecem a denúncia e fazem a acusação? Questões que invadem o campo da ética profissional e, com certeza, ainda vão gerar complexas discussões.
A DoNotPay descreve a invenção como “o primeiro robô-advogado do mundo”. A empresa, criada pelo estudante da Universidade de Stanford, Joshua Browder, é descrita como um chatbot, um programa de computador que tenta simular um ser humano na conversação com as pessoas. O mecanismo do chatbot trabalha para responder as perguntas de tal forma que as pessoas tenham a impressão de estarem conversando com outra pessoa e não com um programa de computador.
“Lute contra corporações, derrote a burocracia e processe qualquer um com o apertar de um botão”, diz a propaganda da empresa.
O site lista um conjunto de recursos que a IA supostamente está equipada para lidar, incluindo isenções de taxas universitárias, conectar pessoas com presidiários, ajudar usuários com contas e aluguel, facilitar certidões de divórcio e muitas outras demandas burocráticas que tiram o sono de milhares de pessoas.