O italiano Pier Antonio Panzeri, ex-membro do Parlamento Europeu, é suspeito de aceitar suborno do Catar e Marrocos em troca de influência em Bruxelas
O ex-deputado do Parlamento Europeu, Pier Antonio Panzeri, de 67 anos, acusado de integrar uma rede criminosa envolvida em um escândalo de corrupção na União Europeia, aceitou fazer uma delação premiada para revelar quais países estavam envolvidos no esquema e como ele funcionava.
A confirmação da delação foi feita por um dos advogados de Panzeri. Marc Uyttendaele disse que o ex-deputado concordou em “contar tudo” depois de fechar um acordo com os promotores de justiça que atuam no caso.
Antonio Panzeri é um dos quatro suspeitos que estão presos na Bélgica. Os outros suspeitos são a eurodeputada grega, Eva Kaili, que foi afastada e destituída do cargo de vice-presidente do Parlamento, o companheiro dela, Francesco Giorgi, e o lobista Niccolò Figà-Talamanca. Eles são suspeitos de aceitar subornos do Catar e Marrocos em troca de influência política em decisões do Parlamento Europeu em Bruxelas.
Os quatro suspeitos foram indiciados formalmente em dezembro do ano passado depois que a polícia belga apreendeu € 1,5 milhão em dinheiro vivo que estavam guardados em um apartamento, uma casa e um hotel na Bélgica.
O Catar negou que tenha tentado influenciar, por meio de presentes e dinheiro, membros do Parlamento Europeu a aprovarem medidas de interesse do país árabe. Autoridades do Marrocos também rechaçaram as alegações de que o país buscou influenciar parlamentares em questões como direitos de pesca e o status contestado do Saara Ocidental.
O advogado de Panzeri informou que o cliente admitiu a sua “responsabilidade criminal” no escândalo, e acrescentou. “É importante saber que este é um homem que está destruído e não tem muito mais vida”, acrescentou Uyttendaele.
Após deixar o Parlamento Europeu, Panzeri tornou-se chefe de um grupo de lobby chamado Fight Impunity, que se declarava uma ONG de direitos humanos. O lobista Figà-Talamanca trabalhava no mesmo edifício em Bruxelas para uma outra ONG e, segundo a investigação, os dois começaram a trabalhar juntos para vender influência política que consistia em cooptar eurodeputados, como a grega Eva Kaili, a votarem de acordo com os interesses do grupo, mediante pagamento de suborno.
Com o acordo de delação premiada firmado com os promotores, Panzeri enfrentará um ano de prisão, em vez de cumprir uma pena bem mais severa. Ainda pagará uma multa cujo valor ainda não foi definida, além do confisco de 1 milhão de euros em bens.
Em troca, o acusado será obrigado a fornecer detalhes sobre como a rede operava, quais eram os acordos financeiros com os países envolvidos e apresentar provas do envolvimento de todos os envolvidos no equema, incluindo a identidade dos parlamentares que ele admite ter subornado.
A investigação sugere que outras prisões de parlamentares podem ser solicitadas com a delação de Panzeri. Há suspeitas de envolvimento de, pelo menos, mais dois eurodeputados de centro-esquerda, o belga Marc Tarabella e o italiano Andrea Cozzolino. Os dois negam envolvimento no esquema de corrupção.