Personalidade, contexto geográfico e cultural, idade e gênero determinam o gosto musical de uma pessoa
Pesquisadores têm conseguido definir os motivos pelos quais as pessoas gostam de uma determina música ou um determinado gênero. A resposta está na personalidade, embora outros fatores, como a idade, gênero e contexto também desempenhem um papel importante. A maior parte das pessoas tende a formar sua identidade musical na adolescência, na mesma época em que exploram sua identidade social.
Mesmo que as preferências possam mudar com o tempo, um estudo revelou que as pessoas tendem a gostar especialmente das músicas de sua adolescência. Não à toa, costumam lembrar com mais facilidade das músicas de um período específico de idade, de 10 a 30 anos, com um pico aos 14 anos.
Greenberg explica que a “excitação” está ligada à quantidade de energia e intensidade na música, como por exemplo o punk e heavy metal. A “profundidade”, demandada muitas vezes de forma inconsciente por quem ouve música, indica um nível de complexidade emocional e intelectual. As emoções negativas e positivas, geradas por músicas de rock e pop, também explicam e indicam determinadas as preferências.
“Descobrimos que a música do rapper Pitbull seria baixa em profundidade, e música clássica e jazz indicam alta profundidade.” O estudo, que foi realizado neste ano, mostrou que as pessoas preferem músicas de artistas cujas personalidades se identificam com eles, mesmo que haja diferenças socioculturais entre eles.
A forma como pensamos também pode influenciar no gosto musical. Outro estudo, de 2015, também de Greenberg, criou duas categorias de indivíduos: os sistematizadores, que são pessoas que pensam e se interessam por regras e sistemas e, os empatizadores, em que os pensamentos estão ligados diretamente com as emoções. “A segunda categoria tende a preferir a tristeza na música, enquanto os sistematizadores preferem mais intensidade na música”, disse Greenberg. “Muitos profissionais de TI e de Ciência de Dados estão com alto nível de sistematização e preferem músicas com mais intensidade instrumental e melódica.”
Outro determinante para as preferências musicais é o contexto. O professor assistente de Pesquisa Social e Políticas Públicas da Universidade de Nova York, Minsu Park e outros pesquisadores, identificaram padrões temporais no comportamento de escutar músicas. Por exemplo, as pessoas tendem a ouvir música relaxante à noite e música animada durante o dia. “Essa flutuação é quase idêntica, independentemente de sua localização cultural e outras informações demográficas”, explica Park.
Há, no entanto, uma diferença básica entre pessoas de diferentes culturas. Na América Latina, as pessoas tendem a ouvir “músicas mais excitantes em comparação com pessoas em outras regiões”. Já na Ásia, as pessoas preferem “músicas mais relaxantes do que pessoas em outras regiões”, afirma o pesquisador.
Além disso, idade e gênero também estão ligados a certos tipos de música. As pessoas mais jovens tendem a gostar de músicas intensas e as pessoas mais velhas preferem mais suavidade. O estudo de Greenberg mostrou que os ouvintes de música suave são mais propensos a ser mulheres, e ouvintes de música intensa são mais propensos a ser homens e do Ocidente.
O pesquisador Greenberg pontua que as mudanças no gosto musical não indicam uma mudança na personalidade. “Mesmo que mudemos o que ouvimos, implicitamente permanecemos as mesmas pessoas”, garante ele.