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Zelensky alcança uma expressiva vitória diplomática. (Associated Press)

Zelensky rouba a cena na reunião do G7. Potências aumentam pressão sobre a Rússia

Moscou adverte para o risco de escalada no conflito e critica decisão dos países ocidentais de ampliar ajuda militar à Ucrânia

Por: Carlos Taquari
Da redação | 18 de maio de 2023 - 20:55
Zelensky alcança uma expressiva vitória diplomática. (Associated Press)

O encontro do G7, o grupo de países com as maiores economias do mundo, terminou com uma expressiva vitória diplomática do presidente Volodymyr Zelensky, da Ucrânia. Os representantes dos Estados Unidos, Alemanha, Reino Unido, França, Itália e Japão, além da União Europeia, reiteraram o apoio ao governo ucraniano, no conflito com a Rússia e deixaram claro que vão continuar enviando ajuda militar e econômica para a Ucrânia.

Zelensky, foi recebido com festa, em Hiroshima, a cidade japonesa, que foi sede do encontro. Com exceção da China, fiel aliada da Rússia, os representantes dos demais países do grupo ofereceram uma calorosa recepção a Zelensky. Para começar, ele voou da Arábia Saudita para Hiroshima, no Japão, num avião cedido pela França, a pedido do presidente Emmanuel Macron.

Logo após o desembarque, Zelensky manteve encontro com o primeiro-ministro do Reino Unido, Rishi Sunak, que o recebeu de braços abertos e declarou: “Você conseguiu”. Sunak se referia ao sucesso da viagem do presidente ucraniano por vários países da Europa e também à Arábia Saudita, onde se reuniu com líderes regionais em busca de apoio para o conflito com a Rússia.

Pouco antes de sua chegada, Zelensky foi informado de que teria uma reunião em separado com o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, para tratar da ajuda militar norte-americana à Ucrânia. Biden anunciou que vai autorizar o treinamento de pilotos ucranianos no comando de caças-bombardeiros F-16, os mais modernos da Força Aérea dos EUA, o que sinaliza o provável envio desses aviões para a Ucrânia.

Esta notícia repercutiu imediatamente em Moscou. O vice-ministro de Relações Exteriores, Alexander Grushko, declarou que o envio de modernos caças-bombardeiros, como o F-16, para a Ucrânia, implica sérios riscos e acusou os países ocidentais de promoverem uma escalada no conflito.

Paralelamente, os líderes do G7, com exceção da China, discutem a ampliação das sanções econômicas contra a Rússia, com objetivo de reduzir o poderio de Moscou no conflito. Nas palavras do primeiro-ministro do Reino Unido, Rishi Sunak, “a Rússia precisa pagar um alto preço” pela invasão do país vizinho.

Os Estados Unidos, Reino Unido, Alemanha, França, Itália e União Europeia – representada no encontro pela presidente da Comissão Europeia, Ursula Van Der Leiden, concordam em ampliar a ajuda à Ucrânia, ao mesmo tempo em que estudam novas sanções contra a Rússia. Apenas a China, também integrante do G7, não apoia essa posição.

“A brutal agressão da Rússia representa uma ameaça a todo o mundo e um rompimento dos princípios fundamentais da comunidade internacional. Reafirmamos nosso apoio incondicional à Ucrânia pelo tempo que for necessário para se alcançar uma ampla e duradoura paz”, diz um comunicado do G7.

No encontro com Sunak, a garantia de apoio do Reino Unido. (Foto: Stefan Rousseau – Associated Press)

Desarmamento nuclear 

Além do conflito na Ucrânia, o desarmamento nuclear é outro tema em pauta no encontro de líderes mundiais, em Hiroshima, que se estenderá nesse domingo. “Hiroshima é o local mais adequado para se defender a paz e promover o desarmamento nuclear”, afirmou um porta-voz do primeiro-ministro Fumio Kishida, atual presidente do G7.

Em 1945, a cidade foi reduzida a cinzas, após o lançamento de uma bomba atômica, pelos Estados Unidos. Em Hiroshima e em Nagasaki, também bombardeada pelos norte-americanos, morreram cerca de 200 mil pessoas.

Tanto o presidente Vladimir Putin, como seu assessor no Conselho de Segurança do Kremlin, Dmitri Medvedev, ameaçaram, em várias ocasiões, com o uso de armas nucleares, “caso a Rússia se sinta ameaçada”.

Brasil e Índia participam do encontro como países convidados, mas não fazem parte do G7. O governo brasileiro já deixou claro que vai defender um acordo de paz entre Ucrânia e Rússia, embora essa hipótese não esteja na perspectiva dos governos dos dois países.

O Japão também se alinha com os outros cinco países no apoio aos ucranianos. “O primeiro-ministro Kishida respeita a coragem e a perseverança do povo ucraniano e a corajosa liderança do presidente Zelensky na defesa de sua pátria e da democracia”, declarou o porta-voz do chefe do governo japonês.

O Japão é o único dos países do grupo – sem contar a China – que não enviou armamentos para a Ucrânia, o que é proibido por lei, no país. Mas o governo japonês enviou 5 bilhões de euros para a Ucrânia, em Fevereiro, quando o conflito completou um ano.

Além disso, o primeiro-ministro Kishida fez uma visita de surpresa a Kiev, onde se encontrou com o presidente Zelensky, a quem manifestou solidariedade. Esta foi a primeira visita de um chefe de governo do Japão a um países em conflito, desde a Segunda Guerra.

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