GUERRA

A guerra do petróleo! Putin prepara “presente” de Natal para a Europa

E os europeus, com a chegada do inverno, vão resistir? As muitas questões do conflito que pode causar mais estragos na economia global

Por: Carlos Taquari
Da redação | 1 de novembro de 2022 - 14:51

A partir de 5 de dezembro, a União Europeia vai banir as importações marítimas de petróleo da Rússia. Ao mesmo tempo, Alemanha e Polônia vão suspender as importações via oleodutos. Somadas, essas compras alcançam cerca de 90% das exportações de petróleo russo para os países da União Europeia.

Indiferente às pressões da União Europeia, que age em represália pela invasão da Ucrânia, Putin ameaça cortar todo o fornecimento de gás e petróleo para a Europa Ocidental, antes da chegada do inverno, em 21 de Dezembro. Com esse “presente” de Natal, o czar russo espera asfixiar de vez a economia e também o ânimo dos países ocidentais para  continuarem apoiando a Ucrânia.

Por enquanto, alguns carregamentos ainda chegam a alguns portos, especialmente Roterdã, na Holanda, onde grandes estoques estão sendo mantidos com o objetivo de enfrentar a escassez, nos próximos meses. Mas Putin está decidido a suspender todas as exportações de gás e petróleo, mesmo aquelas feitas por terceiros.

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A Rússia está procurando outros compradores, principalmente na Ásia e Europa Oriental. Entre outros, China, Índia, Turquia e Bulgária. Acontece que esses mercados não conseguem consumir o mesmo volume dos países da Europa Ocidental.

A China, que poderia ser um grande comprador, enfrenta uma brusca queda na economia, por conta dos seguidos lockdowns estabelecidos para enfrentar a pandemia, que persiste naquele país. Isso não impede que operadores chineses comprem petróleo russo para revender em outros países, embora esse seja um mercado de potencial limitado.

Guerra petróleo

Torneiras dos gasodutos serão fechadas em dezembro (Foto: AP)

A queda nas exportações não será o único problema enfrentado por Vladimir Putin nesse xadrez da guerra petrolífera. O Instituto Internacional de Estudos Estratégicos (IISS) think thank com sede em Washington, lembra que as sanções da União Europeia também proíbem empresas de países do bloco de fornecer seguros para o transporte de petróleo russo. Sem esses seguros

de empresas tradicionais no mercado, nem todas as companhias responsáveis pelo transporte marítimo vão querer se arriscar.

Como em todas as áreas onde circula muito dinheiro, esse complicado jogo político e econômico do petróleo não é exceção. Aqui também existem atravessadores que se aproveitam desse quadro para operar em paralelo. São navios que transportam petróleo russo de forma quase clandestina. Desligam os transponders para não serem localizados, se abastecem em alto mar e levam o carregamento para portos não identificados.

Por sua vez, os países europeus contam com a ajuda dos Estados Unidos, que poderiam utilizar parte de suas reservas estratégicas para aliviar a situação de seus aliados na Europa. Por enquanto, o governo norte-americano vem usando parte de suas reservas para consumo interno, a fim de segurar os preços dos combustíveis e a inflação. Mas não está claro se o presidente Joe Biden vai permitir o envio de uma parte dessas reservas para o Exterior.

Diante desse quadro, as perguntas que ficam são essas: até quando Putin vai aguentar nesta guerra econômica? E até onde os países da União Europeia vão suportar um inverno com enormes restrições no uso de gás para aquecimento doméstico e nas empresas a fim de manter o apoio à Ucrânia? São perguntas que valem bilhões de dólares.

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