MEIO AMBIENTE

Biólogo garante: tubarões não são os vilões dos oceanos

Especialista americano lembra que eles nem sempre são ferozes e que têm papel fundamental para o equilíbrio dos ecossistemas marinhos

Por: Júlia Castello
Da redação | 16 de novembro de 2022 - 21:55

É raro encontrar uma pessoa que goste de tubarão ou que não tenha medo dele. Para reforçar essa imagem de animal agressivo e perigoso, o cinema embarcou nessa e criou o clássico “Tubarão”, um dos filmes mais vistos de todos os tempos.

Para desmistificar imagem ruim e ajudar na preservação dos tubarões, o biólogo de conservação marinha da “Arizona State University”, David Shiffman, acaba de lançar o livro “Why Sharks Matter: The Science and Policy of Saving Sharks” ou “Por que os tubarões são importantes: a ciência e a política de salvar tubarões”.

Muita gente não sabe, mas a população destes animais se reduziu em 71% ao longo de meio século e cerca de um terço das 538 espécies de tubarões conhecidas hoje estão em risco de extinção.
tubarão

Atualmente, um terço das 538 espécies de tubarões correm risco de extinção. (Foto: Pexels)

O pesquisador defendeu que é muito mais provável morrer com a queda de um vaso de flor da janela, ou de cair de um penhasco na busca da selfie perfeita do que por um ataque de tubarão. Cerca de 38% dos ataques de tubarão relatados na Austrália são falsos, o que mostra que os ataques destes animais são raros.

“Não só os tubarões não são ruins. Eles são ativamente bons”, afirmou. Infelizmente, segundo ele, o ser humano é a maior ameaça à espécie, com a pesca excessiva, feita muitas vezes com fins comerciais, com argumento de segurança.

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Shiffman, que foi convidado recentemente para falar do livro no Museu de Ciência e Cultura de Harvard, afirmou que apesar dos números alarmantes, ainda é possível garantir a sobrevivência destes animais. “Não só podemos, como deveríamos ajudar na preservação dos tubarões”.

O principal motivo é que estas criaturas são “peças” fundamentais nos ecossistemas oceânicos. De acordo com o biólogo, as teias alimentares dos oceanos são vulneráveis, e que a remoção de um predador pode ter impactos graves e desproporcionais em todo o sistema.

Habilidades especiais

Os tubarões são animais com habilidades e características muito únicas e, por isso, incomuns, que foram desenvolvidas ao longo da evolução. Diferente de muitos animais, seus esqueletos são construídos a partir de cartilagem e não de osso, ajudando a que eles se curem de forma muito mais rápida.

Além de uma visão e olfato muito bem desenvolvidos, melhor que de humanos, os tubarões podem detectar campos eletromagnéticos que os ajudam a localizar presas escondidas sob a areia, percebendo a eletricidade em seus corações pulsantes. Eles também usam o campo magnético da Terra para navegar de uma praia favorita para uma ilha específica, sem se perder no mar.

O biólogo também relata em seu livro as características específicas de diversas espécies de tubarões. Alguns têm bocas biofluorescentes, que atraem a presa. Alguns brilham no escuro (como um dos vilões da animação da Disney “Procurando Nemo”). O “tubarão-duende” pode hiperestender sua mandíbula para devorar melhor a presa ou mesmo o tubarão da Groenlândia que come ursos polares e pode viver por mais de 400 anos.

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