Banco da Inglaterra toma medida de emergência para tentar frear a crise causada pelo plano de Liz Truss
O Fundo Monetário Internacional – FMI – criticou abertamente o plano de redução de impostos do governo do Reino Unido e alertou que medidas extremas podem trazer graves consequências como o aumento nos preços, com novos sacrifícios para a população.
Em manifestação incomum, principalmente, se tratando de um país com a quinta maior economia do mundo, o FMI advertiu que o corte nas taxas tende a exercer pressão sobre os preços e reduzir o poder aquisitivo da população, aumentando a desigualdade. Os especialistas do fundo discordam da avaliação do governo britânico de que as medidas devem promover o crescimento econômico.
“Dadas as pressões inflacionárias elevadas em muitos países, incluindo o Reino Unido, não recomendamos pacotes fiscais grandes e não direcionados neste momento, pois é importante a política fiscal não funcionar em oposição à política monetária”, afirmou o FMI. No Reino Unido, a inflação atual é de 9,9%, com tendência de alta. O maior corte de impostos em 50 anos, anunciado pelo secretário do Tesouro, Kwasi Kwarteng, com a intenção de estimular a economia.
O Banco da Inglaterra anunciou uma medida drástica: intervenção no mercado. Compra de títulos da dívida do governo britânico na tentativa de conter a baixa histórica da libra em relação ao dólar. A cotação nesta quarta-feira era de 1 libra para $1.06 dólar, um recorde de baixa para a moeda britânica. Uma medida na contramão do pacote anunciado na última sexta-feira por Liz Truss, na expectativa de alavancar a economia do Reino Unido.
O pacote previa cortes de impostos e um grande aumento nos empréstimos. Além de suspender a taxa máxima de imposto de renda de 45% para aqueles com proventos superiores a £ 150.000, a medida previa a eliminação do limite dos bônus dos banqueiros. Mas, devido as péssimas reações o plano nem chegou a ser colocado em prática.
O Banco da Inglaterra, após a decisão da compra dos títulos procurou justificar a medida com um comunicado, “Se a interrupção neste mercado continuar ou piorar, haverá um risco material para a estabilidade financeira do Reino Unido. Para restaurar as condições de mercado serão realizadas na medida necessária para efetivar esse resultado”. Um dos principais objetivos do governo, ao anunciar a compra de títulos, é proteger os fundos de pensão. A maioria deles mantem boa parte de suas aplicações em papéis do governo.
Um dos apoiadores do “mini orçamento” o Secretário do Tesouro da Inglaterra, Kwasi Kwarteng, disse estar seguro da recuperação econômica apesar dos contratempos. “Confiante em nossa estratégia de longo prazo para impulsionar o crescimento econômico por meio de cortes de impostos”, concluiu o secretário. Segundo o secretário, o governo está focado no crescimento com o objetivo de elevar o padrão de vida de todos os cidadãos.
Com a estratégia da política monetária naufragando, o mercado reagindo negativamente e a libra em franca queda, o secretário do tesouro que assumiu o cargo há pouco mais de vinte dias poderá ter vida curta no cargo.