Emissora de TV e sites tentam justificar as políticas de Moscou, incluindo a invasão da Ucrânia
A guerra da informação e da contrainformação sempre existiu, mas os meios vão se adaptando aos novos tempos. Decididos a levar adiante a ideia da “Grande Rússia”, os ideólogos do Kremlin espalham seus agentes pelos veículos de comunicação.
Quem acompanha as transmissões do canal de televisão RT – Russian Television, canal de notícias de Moscou que transmite 24h em Inglês – tem a impressão de viver em outro mundo. A se acreditar nas informações desse canal, a guerra na Ucrânia já teria terminado há um bom tempo, com a vitória da Rússia, é evidente.
Seus noticiários repetem de forma insistente que os soldados ucranianos “abandonam suas posições e desistem de lutar”. Em outro momento, lamentam a destruição de pontes e de outras obras “pelas forças ucranianas”, sem mencionar que isto faz parte das tentativas de evitar o avanço das tropas russas em território da Ucrânia.
Um documentário do canal tenta induzir os telespectadores a acreditar que o governo da Ucrânia “caminha rapidamente para o fascismo”. Nem uma palavra sobre o fato de que os ucranianos desfrutam de uma relativa liberdade, mas bem maior que a dos russos.
Banido nos países da União Europeia logo após a invasão russa na Ucrânia, o RT foi acusado pelas autoridades do bloco europeu de promover uma campanha de “desinformação, manipulação e distorção dos fatos”. Em seguida, o Reino Unido também tirou o canal do ar, enquanto os canais de cabo dos Estados Unidos também suspenderam transmissões do canal, tido como parte da máquina de propaganda do Kremlin.
O YouTube, espaço vital para um canal como esse alcançar o público do Ocidente, suspendeu os vídeos da RT, com base em sua política de “proibir conteúdo negacionista, que procura trivializar fatos violentos”.
Apesar de todas essas restrições, a RT continua funcionando e consegue levar as versões dos fatos produzidas em Moscou para públicos de países do Leste Europeu, parte da Ásia, África e América Latina.
O canal internacional é apenas uma das peças na máquina de propaganda do Kremlin, que também conta com inúmeros sites dedicados à tarefa de levar para o mundo a visão que interessa ao país. Com equipes fielmente alinhadas ao governo de Vladimir Putin, esses sites espalham contrainformação em todo o mundo, alguns com apoio de hackers. Outros são comandados por mulheres, escolhidas a dedo para influenciar principalmente o público jovem.