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França estuda taxar milionários para conter mudanças climáticas

A medida enfrenta resistência entre os integrantes do governo de Emmanuel Macron

Por: Lucas Saba
Da redação | 25 de maio de 2023 - 20:55
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Estudo do governo francês sobre possíveis medidas no combate as mudanças climáticas sugere a criação de um imposto de 5% sobre as maiores fortunas da França. Isto poderia gerar uma renda extra de 5 bilhões de euros por ano até 2050. De acordo com o relatório, apenas essa medida não seria suficiente para bancar a luta contra o aquecimento global, no país. Seria necessário também um esforço da esfera pública e da iniciativa privada para atingir a meta de carbono zero.

O país pode precisar de quase 70 bilhões de euros por ano para enfrentar a crise climática e reduzir as emissões de gases de efeito estufa. Esta estimativa faz parte do relatório entregue à primeira-ministra Elisabeth Borne, que prevê um plano para combater o aquecimento e reduzir os gases de efeito estufa, de forma a cumprir as metas climáticas de 2030.

O relatório recomenda um “imposto verde sobre a riqueza” para os 10% mais ricos da população e um aumento da dívida do país em 10% do PIB – cerca de € 280 bilhões – até 2030. Mas diversos integrantes do governo francês não estão satisfeitos com as sugestões, alegando que um imposto sobre as famílias mais ricas do país não é a solução.

taxar os bilionários

Bruno Le Maire, ministro das finanças da França, disse à imprensa ser contrário a taxação de grandes fortunas. (Crédito: AP) 

O estudo revela que a França precisará de investimentos públicos e privados adicionais de 70 bilhões de euros por ano para financiar sua transição para o carbono zero. O relatório sugere que os ricos paguem um imposto excepcional com base no fato de consumirem mais em comparação com as outras classes sociais.

“Para financiar a transição… provavelmente será necessário um aumento nos impostos compulsórios. Isso pode ser uma taxa excepcional baseada nos ativos financeiros das famílias mais ricas do país,” disse o economista Jean Pisani-Ferry, um dos autores do relatório.

Ele explicou que não se trata apenas de encontrar recursos para financiar os planos climáticos do país, mas de “convencer os franceses de que o ônus está distribuído de maneira justa”. O economista disse ainda que o país não deve hesitar em recorrer ao endividamento para financiar a transição. “Existem muitos motivos ruins para se endividar, e o clima não é um deles.”

A primeira-ministra Borne encomendou o relatório no ano passado com o objetivo de entender como a transição climática poderia impactar a economia francesa. Ao entregar seu plano de ação para combater o aquecimento global, a questão do financiamento foi cuidadosamente evitada. E as respostas do relatório não agradaram aos membros do governo.

O ministro das Finanças, Bruno Le Maire, disse à imprensa francesa que nem um imposto sobre a riqueza e nem o aumento da dívida são “boas opções”. “A política do governo é reduzir impostos em um país que tem a maior carga tributária de todas as nações desenvolvidas”. Le Maire insistiu que a França não aumentaria os impostos e não achou boa a ideia de financiar o carbono zero.

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