Medicamento não causa dor de cabeça, ganho de peso, mudança de humor e nem diminui o desejo sexual
Pesquisadores da Universidade de Washington fizeram uma descoberta genética capaz de tornar os espermatozoides inférteis. O estudo abre caminho para que, em breve, a indústria farmacêutica produza pílulas anticoncepcionais para homens.
Uma proteína codificada pelo gene Arrdc5, encontrada nos testículos da maioria dos mamíferos, reduz a contagem de espermatozoides e deforma as células reprodutoras masculinas remanescentes, tornando-as incapazes de fertilizar o óvulo.
Essa descoberta beneficia diretamente as mulheres. Afinal, a pílula anticoncepcional revolucionária resolveria um problema que atormenta 10 em cada 10 mulheres: os efeitos colaterais hormonais. O anticoncepcional masculino não causaria náuseas, sensibilidade mamária e muito menos dores de cabeça e enxaqueca. Outro benefício é que o tratamento não resulta em ganho de peso, mudança de humor e nem diminui a libido nos homens.
Pílula também para animais
Os estudos mostram que a técnica poderia ser usada em outras espécies de seres vivos, como forma de controle da superpopulação de animais, substituindo a castração.
Os cientistas da Universidade de Washington encontraram indícios de que a desestabilização da proteína da infertilidade não é permanente, isso quer dizer que o esperma se recupera tão logo haja a interrupção do tratamento.
A medicação cria uma condição de infertilidade significativa que é conhecida como oligoastenospermia ou OAT. Esse é o diagnóstico mais comum de infertilidade masculina em humanos, que reduz a produção de espermatozoides e a hiperatividade do esperma, de modo que ele se torna incapaz de romper as barreiras naturais do organismo para atingir a linha de chegada que é a fecundação do óvulo.
As análises feitas em laboratório mostraram que camundongos machos sem o gene Arrdc5 produziram 28% menos espermatozoides, que também se moviam 2,8 vezes mais devagar do que em camundongos normais.
Jon Oatley, professor da Escola de Biociências Moleculares da WSU destaca que a interrupção das funções da proteína não causa nenhuma interferência hormonal nos pacientes, pois, considerando os múltiplos papéis que a testosterona desempenha, um efeito colateral poderia causar muitos problemas. Além da produção de esperma, o hormônio masculino é determinante para a constituição da massa óssea e da força muscular, bem como a produção de glóbulos vermelhos.
“Projetar uma droga que tenha como alvo apenas essa proteína a tornaria facilmente reversível como anticoncepcional”, garante Oatley. Os líderes da pesquisa já fizeram um pedido de patente provisória para o desenvolvimento de um contraceptivo masculino baseado no gene Arrdc5 e na proteína que ele codifica.
O estudo original foi publicado na revista Nature Communications.