Os bots podem ser usados para manipulação política, desinformação e até cybercrimes
Entre as consequências do desenvolvimento da inteligência artificial, está a dificuldade cada vez mais frequente de separar o que é fake, sejam fotos ou informações, do que é real, nas redes sociais. Os chamados Bots, softwares cada vez mais sofisticados, são programados para impedir ou dificultar a identificação do material exibido nas redes. Imagens pirateadas, informações produzidas por robôs ou mesmo por grupos de hackers, tudo isso faz parte de um mundo virtual que se mistura cada vez mais com a realidade. Atualmente, a diferença é mínima e, muitas vezes só pode ser percebida com o uso de outros softwares, como mostra uma pesquisa da Copenhagen Business School, na Dinamarca.
Os pesquisadores convidaram 375 participantes para diferenciar entre perfis de mídia social reais e falsos. As contas falsas foram criadas e mantidas por algumas das mais recentes tecnologias de IA. A maioria dos participantes não conseguiu diferenciar as contas falsas do Twitter e as contas reais. Mais grave ainda, foi a tendência dos participantes de apontar as contas criadas por robôs, como as mais prováveis verdadeiras.
“Curiosamente, os relatos mais intrigantes, em questões de precisão e probabilidade pertenciam aos humanos genuínos. Um dos perfis reais foi rotulado erroneamente como falso por 41,5% dos participantes que o visualizaram. Enquanto isso, um dos perfis falsos de melhor desempenho foi rotulado como bot apenas por 10%”, contou um dos responsáveis pelo estudo, Sippo Rossi, em comunicado da universidade.
Os resultados da pesquisa só reforçam uma preocupação já presente na classe acadêmica e científica, da ameaça que o uso desses perfis alimentados por bot podem representar nas mãos erradas. Seja para manipulação política e desinformação, ao cyberbullying e cybercrime, os falsos perfis podem ser criados por grupos de hackers.
Por isso, de acordo com Raghava Rao Mukkamala, também autor da pesquisa: “É essencial considerar cuidadosamente as possíveis consequências dessas tecnologias e trabalhar para mitigar esses impactos negativos”.
Este estudo foi feito de forma simplificada: os participantes viram apenas um tweet e as informações do perfil da conta que o postou. O próximo passo agora é, segundo os pesquisadores, possibilitar a análise de como os bots serão identificados por usuários de redes sociais no feed de notícias, de forma ainda mais real.