Empresa do bilionário promete fazer pessoas com deficiência conseguirem andar
A Neuralink, empresa de Elon Musk que desenvolve implantes cerebrais para tratamento de doenças neurológicas, ainda não obteve autorização dos órgãos reguladores dos Estados Unidos para realização de testes clínicos em seres humanos. A Food and Drug Administration (FDA), agência federal que faz o controle de alimentos, suplementos alimentares, medicamentos, cosméticos e equipamentos médicos, negou um pedido feito pela empresa há cerca de um ano.
A rejeição vem sendo tratada com discrição pela FDA por envolver segredo comercial. Ao justificar a decisão à Neuralink, a FDA apresentou dezenas de requisitos que a empresa deveria atender antes de realizar testes clínicos em humanos.
A agência apontou preocupações de segurança, desde reações do organismo humano à introdução de uma bateria de lítio que, em caso de falha de algum componente conectado à bateria, a corrente poderia danificar o tecido cerebral). Alertou ainda para o risco de os minúsculos fios do implante escaparem para outras áreas do cérebro e para a dúvida sobre como o dispositivo seria removido sem danificar o frágil tecido cerebral dos pacientes.
Ainda não há certeza se a empresa conseguirá resolver os problemas listados pela FDA em um curto espaço de tempo, apesar de Musk ter declarado em novembro que a empresa obteria a aprovação para os testes clínicos dos implantes cerebrais até o final da primavera, em Junho deste ano.
Musk quer resultados rápidos
Há um certo ceticismo no mercado diante da possibilidade de que a Neuralink consiga a autorização do governo para realizar os tão testes aguardados. Especialistas acreditam que a rejeição da FDA aumentará o rigor da agência norte-americana com relação aos pedidos subsequentes que virão pela frente para aprovação dos testes.
Como dono da Neuralink, Elon Musk também é o seu principal garoto-propaganda. O bilionário se refere às propostas da empresa de biotecnologia com um discurso até certo ponto messiânico. A Neuralink promete fazer pessoas com graves deficiências conseguirem andar, deficientes visuais enxergarem e, eventualmente, transformar as pessoas em cyborgues, uma mistura de organismos orgânicos e cibernéticos que utilizam tecnologia artificial.
A Neuralink compete com outras empresas em um nicho dos chamados dispositivos de interface cérebro-computador (BCI), que usam eletrodos introduzidos no cérebro ou em sua superfície para fornecer comunicação direta com os computadores.
Até o momento nenhuma empresa recebeu a aprovação final da FDA para comercializar implantes cerebrais BCI, mas a Synchron, uma concorrente direta da Neuralink, saiu na frente ao ter o seu pedido de testes clínicos deferido pela agência. O dispositivo a ser testado pela Synchron também visa ajudar pessoas com paralisia a digitar usando apenas os impulsos cerebrais.