INTERNACIONAL

Corrida do ouro. Empresas se candidatam para reconstruir a Ucrânia quando a guerra acabar

Milhares de empresas já se mobilizam para disputar as obras de infraestrutura que podem chegar a 750 bilhões de dólares

Da redação | 1 de março de 2023 - 21:55

The New York Times 

A guerra da Ucrânia completou um ano e segue sem qualquer perspectiva para acabar. Mas milhares de empresas em todo o mundo estão se candidatando para uma corrida do ouro multibilionária: a reconstrução da Ucrânia quando o conflito acabar.

De fábricas de concreto da Alemanha, a fornecedores de tecnologia da Coreia do Sul, passando por exportadores de madeira da Áustria e fabricantes de células de combustível da Dinamarca, companhias dos mais variados setores já estão de olho nos bilhões de dólares que terão de ser investidos pelo governo ucraniano, com ajuda estrangeira.

Centenas de milhares de casas, escolas, hospitais e fábricas foram destruídos, bem como instalações de energia e quilômetros de estradas, ferrovias e portos marítimos. Gigantes da construção na civil na Europa Ocidental foram os primeiros a entrarem na corrida do ouro. As primeiras estimativas de custo da reconstrução da infraestrutura variam de US$ 140 bilhões a US$ 750 bilhões.

A Rússia está intensificando sua ofensiva em várias frentes, mas a impressionante tarefa de reconstrução já é evidente. A profunda tragédia humana é também uma enorme oportunidade econômica que o presidente ucraniano, Volodymyr Zelenski, comparou ao Plano Marshall, o programa dos EUA que forneceu ajuda à Europa Ocidental após a Segunda Guerra Mundial.

A perspectiva desse tesouro está inspirando impulsos altruístas e uma visão empreendedora, estratégias de negócios experientes e oportunismo para o que a câmara de comércio ucraniana chamou de “o maior canteiro de obras do mundo”.

Corrida do ouro

Empresas de construção civil entram na briga para reconstruir a Ucrânia no pós guerra. (Crédito: The New York Times)

Zelenski e seus aliados querem usar a reconstrução para unir a infraestrutura da Ucrânia à do restante da Europa. No entanto, ainda não se sabe se a riqueza da tão esperada corrida do ouro vai se materializar. A Ucrânia, cuja economia encolheu 30% no ano passado, precisa desesperadamente de fundos para reparos de emergência. A ajuda à reconstrução em longo prazo dependerá não só do resultado da guerra, mas também de quanto dinheiro a União Europeia, os Estados Unidos e outros aliados vão investir. E, embora os investidores privados estejam sendo cortejados, poucos estão dispostos a arriscar comprometer dinheiro agora, já que o conflito não dá sinais de ceder.

A Ucrânia e várias nações europeias estão se esforçando para confiscar ativos russos congelados mantidos no exterior, mas vários céticos, incluindo integrantes do governo Biden, vêm questionando a legalidade dessa medida.

No entanto, “muitas empresas estão começando a se preparar para o momento em que o financiamento da reconstrução chegar. Vai haver muito financiamento do mundo inteiro, e as empresas estão dizendo que querem participar”, declarou Tymofiy Mylovanov, ex-ministro da economia de Kiev.

Para as empresas, uma questão crucial é quem vai controlar o dinheiro. É uma questão que a Europa, os Estados Unidos e instituições globais como o Banco Mundial – os maiores doadores e credores – estão debatendo vigorosamente. A Ucrânia deixou claro que haverá recompensas para os primeiros investidores quando se concretizar a reconstrução no pós-guerra. Mas essa oportunidade traz riscos.

A Alemanha anunciou a criação de um fundo para garantir investimentos. O plano será supervisionado pela gigante global de auditoria PWC e compensará os investidores por possíveis perdas financeiras se os projetos forem interrompidos.

A França também oferecerá garantias estatais às empresas que trabalharem na Ucrânia. Bruno Le Maire, ministro das Finanças, anunciou que contratos no valor total de cem milhões de euros (US$ 107 milhões) foram concedidos a três empresas francesas para projetos na Ucrânia: a Matière construirá 30 pontes flutuantes, e a Mas Seeds e a Lidea estão fornecendo sementes para os agricultores.

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