A FSB, força de segurança especial da Rússia, considera esclarecida a explosão do carro que matou Darya Dugina, filha de Alexander Dugin, filósofo e aliado do presidente Vladimir Putin. De acordo com a versão divulgada pela FSB, o atentado foi planejado pelo serviço secreto da Ucrânia e executado por  uma agente ucraniana identificada como Natalia Vovk que colocou o explosivo no carro e, em seguida, fugiu para a Estônia.

O comunicado do FSB acrescenta que Natalia Vovk chegou à Rússia no dia 23 de Julho. “Ela esteve no Festival Tradição, de música e literatura, onde Darya Dugina esteve presente como convidada especial”. Em seguida, prossegue a nota oficial, Natália teria posto o explosivo no carro que, mais tarde, foi acionado por controle remoto.

A Ucrânia nega que tenta qualquer participação no atentado. “A Ucrânia, obviamente, não tem nada a ver com isso, porque não somos um estado criminoso como a Federação Russa e, muito menos, um estado terrorista”, declarou Mykhailo Podolyak, assessor do presidente ucraniano, Volodimir Zelensky. As suspeitas de envolvimento de agentes ucranianos com a explosão foram levantadas, inicialmente, por Maria Zakharova, porta-voz do Ministério de Relações Exteriores da Rússia.

A jovem, de 29 anos, conhecida por suas participações na televisão estatal russa, viajava num automóvel que também deveria transportar o pai dela. Mas ele mudou de planos minutos antes de embarcar no veículo. Daí a suspeita de que o alvo seria o filósofo.  No sábado, Alexander Dugin havia participado da parte literária do festival , onde deu uma palestra. Ele deveria retornar com a filha, mas por razões ainda desconhecidas mudou de ideia.

Alexander Dugin, em estado de choque ao saber do atentado. (Foto: Arquivo pessoal)

Os investigadores descobriram que Darya Dugina estava dirigindo o veículo, que explodiu nas imediações do vilarejo de Bolshiye Vyazemy, a pouca distância do centro de Moscou. Pessoas próximas à família revelaram que Alexander entrou em estado de choque ao tomar conhecimento da morte da filha.

Uma das figuras integrantes do círculo mais próximo do presidente Vladimir Putin, Alexander Dugin chegou a ser chamado de “o cérebro de Putin”. Ideólogo ultranacionalista, o filósofo defende ideias sobre “a grande Rússia”, que incluem a noção de que muitos países vizinhos deveriam fazer parte do território russo, incluindo a Ucrânia. Embora não tenha cargo oficial no governo, Dugin é uma figura  influente no Kremlin. Ele é conhecido por suas posições contra o Ocidente, em especial os Estados Unidos, e suas ideias coincidem totalmente com as do presidente Vladimir Putin.

Darya Dugina partilhava das mesmas opiniões do pai e, com frequência, defendia a ideia da NovoRossiya, “a Nova Rússia”, que prevê a anexação de países vizinhos, em seus comentários na televisão estatal e num site de notícias que dirigia.