Empresas americanas procuram as europeias para atrair investimentos, com a seguinte mensagem: "Não invistam na Europa. Temos algo melhor".
Bloomberg
A União Europeia (UE) revelou um grande plano para manter suas indústrias competitivas enquanto o bloco tenta enfrentar os desafios vindos dos Estados Unidos e da China, que oferecem enormes subsídios às empresas que desenvolvem tecnologias verdes, ou seja, formas de produção que não agridem o meio-ambiente.
O objetivo principal do plano é manter as empresas europeias no continente e evitar a fuga para outros países daquelas que se destacam na inovação voltada para a baixa emissão de poluentes em seus processos industriais.
“Na luta contra as mudanças climáticas, o mais importante é a indústria net-zero. Queremos aproveitar esse momento”, disse a presidente da Comissão Europeia, Ursula Von Der Leyen, acrescentando: “Somos competitivos. E queremos competir”. Segundo ela, o bloco europeu precisa disputar em condições equitativas no mercado global e esse objetivo será perseguido.
A Comissão Europeia quer utilizar o seu Plano Industrial Green Deal (Pacto Verde Europeu) para aumentar o apoio às empresas por meio de mais investimentos e créditos fiscais, ao mesmo tempo que deve recorrer a fundos europeus comuns para aprovar projetos envolvendo hidrogênio e a computação quântica.
O plano, que os 27 líderes da UE discutirão na próxima semana, é uma resposta à Lei de Redução da Inflação do presidente dos EUA, Joe Biden, que inclui cerca de US$ 500 bilhões de dólares (2.545 trilhões de reais) em novos gastos e incentivos fiscais ao longo de uma década. Uma das preocupações de alguns membros da comissão é que os subsídios só ajudarão os países mais ricos como a Alemanha, que têm capacidade fiscal para investir em empresas do seu país.
Os líderes europeus estão preocupados com o fato de que os subsídios oferecidos no pacote verde dos EUA não apenas tornarão as empresas europeias pouco competitivas, mas também atrairão investimentos para os EUA.
“Eles estão ligando para empresas belgas, empresas alemãs de uma forma muito agressiva para dizer: ‘Não invistam na Europa, temos algo melhor'”, disse Ursula Van Der Leyen.
Em um movimento que pode incomodar os países menores, a comissão, o braço executivo da UE, não planeja levantar novos financiamentos no pacote, pois já existem mais de 380 bilhões de dólares (1.934 trilhões de reais) em fundos conjuntos comprometidos para a transição verde até 2030.
Em vez disso, eles buscarão simplificar os regulamentos, acelerar as licenças e se concentrar em projetos transfronteiriços, de acordo com a proposta. Além disso, o plano pede um afrouxamento adicional das regras de auxílio estatal, que limitam os subsídios nacionais para manter condições equitativas no mercado interno da UE.
Outro ponto importante na proposta da comissão que será discutida na próxima semana será um primeiro leilão para produzir hidrogênio renovável. O vencedor receberá um prêmio fixo para cada quilo de combustível produzido por um período de 10 anos. O primeiro leilão terá um orçamento de 800 milhões de euros. O impacto do esquema será semelhante ao crédito fiscal de produção no pacote de tecnologia limpa dos EUA. A comissão também terá como objetivo tornar a compra de aquecedores domésticos mais simples para os consumidores, propondo uma etiqueta energética unificada até o final do ano.