Maior operadora de energia nuclear da Europa, a francesa EDF vai reativar a maior parte de seus 56 reatores
Bloomberg
Para alívio de seus parceiros na União Europeia, a França anunciou novos investimentos no setor de energia nuclear, como forma de enfrentar a crise provocada pela Rússia, que cortou o fornecimento de gás e petróleo para os países da Europa Ocidental. A França é o maior produtor de energia nuclear no continente e, atualmente, tem 56 reatores. Nem todos funcionam ao mesmo tempo mas, nos últimos dias, a Electricité de France (EDF) atingiu mais de 70% da sua capacidade de produção. Esse é o maior índice desde fevereiro do ano passado.
A retomada na produção tem um forte impacto no combate à crise de fornecimento de energia diante da redução no fornecimento de gás natural da Rússia. O clima ameno nas últimas semanas ajudou a conter a demanda por energia e gás, ajudando a reduzir os preços, à medida que a Europa busca escapar do inverno sem escassez severa.
Problemas persistentes entre os reatores da EDF, incluindo a corrosão, levaram a França a importar mais energia de alguns de seus vizinhos, o que resultou nos preços de atacado mais altos da Europa.
Mas, nos últimos dias, os preços da energia francesa caíram acentuadamente em relação às máximas de verão, quando os custos de atacado para a eletricidade no meio do inverno ultrapassaram 2.000 euros por megawatt-hora, cerca de 40 vezes o normal histórico. A energia para fevereiro subiu 4%, para 225 euros, na sexta-feira – uma anomalia nas últimas semanas – já que o contrato seguiu os preços do gás mais altos.
Espera-se que a tendência de maior disponibilidade de reatores continue à medida que o governo vem ampliando os investimentos consertar os reatores. A geração nuclear deve atingir 324 terawatts-hora em 2023, cerca de 16% acima do nível do ano passado, de acordo com Sabrina Kernbichler, analista de energia da S&P Global Commodity Insights. A EDF está visando uma produção de 300 a 330 terawatts-hora, embora isso ainda esteja muito abaixo da média entre 2015 e 2019.
A contribuição do potencial atômico da França para o conglomerado de energia da Europa pode ser contrabalançada pela menor produção da Alemanha e da Bélgica, onde as usinas devem fechar este ano. A produção nuclear média combinada de 10 dos maiores mercados de energia da Europa Ocidental deve permanecer inalterada em relação ao ano passado, em cerca de 55 gigawatts, disse Kernbichler.