POLÍTICA

Filho de imigrantes brasileiros, eleito deputado em NY, admitiu ter mentido no currículo

George Santos não é judeu, não trabalhou no Goldman Sachs, não tem formação universitária e não… são muitas as mentiras que ele contou

Da redação | 27 de dezembro de 2022 - 21:55

The Washington Post

Eleito pelo Partido Republicano para representar um dos distritos de Nova York, George Santos é um filho de imigrantes brasileiros, que foi para os Estados Unidos ainda bem jovem. Depois que ele foi eleito, em Novembro, os jornais norte-americanos descobriram uma série de mentiras em seu currículo e, agora, ele está sendo convidado a se explicar. Além disso, o Partido Democrata exige sua renúncia.

Em primeiro lugar, ele não se formou no Baruch College e nem passou pela Universidade de Nova York, como havia afirmado. E não tem qualquer formação universitária: “Não me formei em nenhuma instituição de nível superior”, admitiu Santos. Mas, em seguida, tentou se justificar, afirmando que “apenas” embelezou seu currículo e que isto, segundo ele, “é uma prática comum”

Santos também não trabalhou no Goldman Sachs ou no Citigroup, como consta de sua biografia distribuída, antes da eleição, pelo Partido Republicano. Sobre o assunto, Santos disse ter feito uma “má utilização das palavras”. Segundo sua nova versão, ele era “proprietário de uma empresa de investimentos que fazia negócios com aquelas instituições financeiras de prestígio”.

Na série ficcional que ele inventou para si mesmo, inicialmente, declarou-se judeu. Disse que seus avós imigraram da Ucrânia para o Brasil no século passado. Questionado pela imprensa norte-americana, achou melhor corrigir a informação e agora se apresenta como “católico”.

George Santos: não tem curso superior e não trabalhou no Goldman Sachs ou no Citigroup.   (Foto: David Becker para The Washington Post)

O jornal The New York Times descobriu que ele, quando jovem, morando em Niterói, roubou o talão de cheques de um cliente de sua mãe, que trabalhava como enfermeira. Passou alguns cheques sem fundo e só não foi preso porque o cliente retirou a queixa.

Perguntado a respeito por outro jornal, o New York Post, ele declarou: “Não sou um criminoso. Não devo nada à justiça nem aqui (nos EUA) nem no Brasil e nem em qualquer outro lugar”. Apesar das explicações, o tabloide novaiorquino lhe atribuiu, em manchete, o adjetivo: “A Liar”, ou seja, um mentiroso.

De onde vem o dinheiro?

Na tentativa de descobrir quem é, realmente, George Santos, vale seguir a antiga máxima do jornalismo: “Follow the Money”, ou “Siga o Dinheiro”. Na primeira vez em que tentou se candidatar, em 2020, Santos declarou que não possuía bens a declarar e deixou claro que vivia de uma modesta renda de trabalho.

Em apenas dois anos, sua situação mudou rapidamente. Na declaração que fez ao Partido, afirmou que possuía bens no valor de milhões de dólares, provenientes de uma empresa do setor financeiro que abriu na Flórida, a “Devolder Organization”. Também anunciou que iria dispor de 580 mil dólares, para financiar sua campanha. No entanto, um relatório da empresa de certificação financeira Dun & Bradstreet, informa que a Devolder teve um faturamento de apenas US$43.688, em 2021. Apesar disso, Santos continuou afirmando que a Devolder lhe pagou um salário anual de 750 mil dólares, entre 2021 e 2022.

Anteriormente, nas informações que passou ao Partido, ele declarou que sua empresa de investimentos administrava bens no valor total de 80 milhões de dólares. Mais tarde, ele retirou essa parte de seu currículo.

Ainda como desdobramento da missão “Follow the Money”, os jornais descobriram que Santos havia declarado a posse de 12 imóveis, alguns de alto valor. No entanto, atualmente, ele mora com uma irmã.

Pela legislação eleitoral dos Estados Unidos, candidatos que prestem informações falsas aos Partidos podem ser condenados a multas de até 250 mil dólares, além de eventuais penas de prisão.

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