Cientistas alertam para nível crítico. Estiagem pode se tornar a mais grave dos últimos 500 anos.
O Loire, na França, o Pó, na Itália, o Danúbio, que passa, entre outros países pela Alemanha, Áustria e Sérvia. E o Reno, que corta a Suiça, Alemanha, França e Holanda. Os rios da Europa estão perdendo seu volume de água, em consequência de uma das piores secas da história na região.
Navegar pelo rio Reno, rio que atravessa a Europa de Sul a Norte, já não é uma atividade possível em muitos trechos ao longo de seus 1.233 quilômetros de extensão. Devido à seca, o rio que atravessa a Europa de Sul a Norte, se transformou num córrego, em alguns trechos.
Para conseguir navegar pelo Reno, comandantes de embarcações têm de calcular as reais possibilidades de passagem a cada viagem para não encalharem nos bancos de areia.
O nível de água do Reno favorável à navegação é de 2,5 metros, mas em alguns pontos da Alemanha o rio apresenta apenas 51 centímetros de profundidade, praticamente inviabilizando navegar pelo interior. A seca intensa já não permite que navios porta-contêineres percorram as águas do rio.
O setor de cruzeiros clássicos também foi impactado pelo baixo nível de água nos rios. O Reno, que é um dos itinerários de cruzeiros, tem perdido muitos turistas que antes navegavam por suas águas caudalosas.
Uma interrupção total do tráfego de barcaças no Reno afetaria intensamente a economia da Alemanha e Europa como um todo. Só para se ter ideia, em 2018, uma suspensão de seis meses causou um prejuízo de 5 bilhões de euros, porque boa parte da produção alemã é escoada por ele.
Na Baviera, sudeste da Alemanha, o rio Danúbio atingiu 25°C na semana passada e a expectativa não é nada animadora. O rio pode atingir 26,5°C até o final de agosto. Se isso acontecer, o nível de oxigênio na água cairia para menos de seis partes por milhão, o que seria fatal para a produção de trutas, muito comum em vários trechos do Danúbio.
O transporte de carga também foi afetado. Autoridades da Sérvia, Romênia e Bulgária começaram a dragar canais mais profundos para permitir a passagem de barcaças que transportam principalmente combustível para geradores de energia.
Ao norte da França, o Loire, o rio mais longo do país, está minguando com a estiagem severa. Em alguns lugares, ele pode ser atravessado a pé.
Na Itália, a água do rio Pó está dois metros abaixo do nível normal. Os agricultores já sentem os efeitos da mudança climática. Produtores de milho e arroz para risoto amargam perdas na lavoura.
O rio que, em condições normais, empurra o seu fluxo para desaguar no mar, sofre com o efeito inverso.
A água salgada do Mar Adriático está invadindo a foz do rio Pó ao longo de trinta quilômetros. O resultado é um prejuízo para a irrigação de várias culturas.
Especialistas alertam para as consequências potencialmente dramáticas da seca excessiva. A baixa no nível de água dos rios europeus pode afetar drasticamente atividades da indústria, transporte de cargas e passageiros, além da produção de energia e de alimentos.
O colapso climático na Europa resulta de uma combinação excessivamente quente. O continente teve um inverno e uma primavera dos mais secos, seguidos por altíssimas temperaturas de verão e ondas de calor que resultaram numa baixa histórica no nível dos rios.
Há dois meses não chove significativamente nas regiões oeste, centro e sul da Europa, causando o desabastecimento de rios e lagos e isso aumenta o superaquecimento nesses locais.
Sem previsão de chuvas em volume suficiente para mudar esse quadro, meteorologistas do Centro Comum de Investigação da Comissão Europeia, com sede na Bélgica, preveem que a seca pode se tornar o pior evento climático do continente em mais de 500 anos.