A proposta é defendida pelos países que estão em ilhas, fortemente atingidos por extremos climáticos, e que podem desaparecer do mapa
Representantes de Pequenos Estados Insulares (AOSIS) defenderam na terça-feira (08/11) na COP27, em Sharm El-Sheikh, no Egito, que as economias emergentes altamente poluentes, como China e Índia, contribuam para um fundo de compensação climática destinado a recuperar os países devastados por desastres causados pelas mudanças climáticas.
Países insulares são nações independentes cujos territórios são formados por uma ilha ou um grupo de ilhas. Em 2011, dos 193 estados-membros da ONU, 46 eram países insulares, particularmente afetados pelo aquecimento global e o aumento do nível de mares e oceanos.
“Todos nós sabemos que a República Popular da China, a Índia – são grandes poluidores, e o poluidor deve pagar”, disse Browne. “Não acho que haja passe livre para nenhum país e não digo isso com qualquer acrimônia”, finalizou.
O financiamento para a remediação dos danos causados pelas mudanças climáticas ainda é um ponto que gera muitas controvérsias. Os delegados da conferência concordaram em colocar o tema das perdas e danos na agenda formal pela primeira vez na história das negociações internacionais sobre o clima.
O termo “perdas e danos” refere-se aos custos já incorridos de extremos ou impactos climáticos causados pelo aquecimento global e as mudanças climáticas, como o aumento do nível do mar que ameaça a existência dos países insulares.
Os países vulneráveis à elevação do nível de mares e oceanos vêm pedindo a emissores históricos como Estados Unidos, Reino Unido e União Europeia que paguem pelas reparações climáticas. E agora China e Índia, os dois países mais populosos do planeta, também passam a ser cobrados formalmente a contribuírem com os países afetados pelas mudanças climáticas.
A China já havia declarado apoio à criação de um fundo de perdas e danos, mas não deixou claro se pagaria pelas remediações. No entanto, a União Europeia e os Estados Unidos já declararam que a China, como é o maior emissor de gases de efeito estufa do mundo, deveria pagar.
O objetivo do bloco de pequenos países insulares é ter a declaração de compromisso dos países ricos e dos principais emissores de gases de efeito estufa para o lançamento de um fundo multibilionário até 2024.
O principal negociador climático do Egito, Mohamed Nasr, entende que as negociações da COP27 servirão para dar alguma clareza sobre o caminho a seguir em relação ao tema de perdas e danos, mas que ainda há muitos pontos de vista discordantes.
“Agora temos um ponto de partida, por isso é mais simplificado e mais focado e esperamos que, no final das duas semanas, tenhamos algo que identifique o roteiro e os marcos a serem entregues”, disse Nasr, ao referir-se à criação de um mecanismo de financiamento.
Em geral, os países ocidentais ricos defendem a adoção de planos mais audaciosos para a redução das emissões de gases de efeito estufa, mas, contraditoriamente, foram e ainda são os que mais contribuem com a poluição do planeta ao longo de mais de um século de industrialização baseada em combustíveis fósseis.
As finanças devem ocupar o centro das negociações climáticas da COP27 nos próximos dias. O enviado especial para o clima da China, Xie Zhenhua, disse que Pequim está comprometida em alcançar a neutralidade de carbono, já que é o maior emissor de gases de efeito estufa do mundo, mas acredita que o multilateralismo e a cooperação internacional são fundamentais para lidar com os efeitos das mudanças climáticas globais.