Versões absurdas circulam nas redes e podem disseminar medo entre as pessoas
As notícias falsas se espalham tão rapidamente que as autoridades de saúde pública de todo o mundo precisam monitorar as plataformas, em tempo real, para desmascarar alegações falsas o mais rápido possível, antes que elas ganhem maior alcance e enganem a população. Esta é uma das conclusões de um estudo desenvolvido pelo pesquisador Timothy Caulfield, presidente do Instituto de Política da Universidade de Alberta, no Canadá, que teve como objetivo entender a rapidez com que a desinformação se espalha e encontrar estratégias para combatê-la.
O estudo identificou 153 vídeos com teorias da conspiração sobre a varíola dos macacos circulando no TikTok. As teses de maior destaque e visualizações eram de que a doença seria uma pandemia planejada para introduzir poder, controle, dinheiro ou disseminar o medo na sociedade.
Na análise foram monitorados os vídeos postados que continham as fake news. No total, essas gravações somavam quase um milhão e meio de visualizações. O TikTok tem mais de 1 bilhão de usuários ativos.
O estudo classificou as falsas alegações no TikTok em 11 categorias. Cerca de um terço dos vídeos também dizia que a doença seria uma desculpa para vender vacinas em todo o mundo. Mais de 25% das gravações afirmavam que o bilionário Bill Gates estava envolvido com o vírus de alguma forma.
As mentiras sobre a Covid também foram alimentadas pelas plataformas digitais, o que afetou a confiança na vacina contra a doença. O Covid-19 Vaccine Monitor da Kaiser Family Foundation, um projeto de pesquisa que acompanha as atitudes e experiências do público com as vacinas, descobriu que 78% dos adultos acreditavam que uma declaração falsa sobre Covid era verdadeira ou não ficavam na duvida.
Caulfield disse que ficou surpreso ao ver como as pessoas pareciam estar lendo um roteiro. Indivíduos, frequentemente, usavam teorias da conspiração da varíola dos macacos como um ponto de entrada para um “desabafo” – eles continuariam falando sobre mudanças climáticas, vacinas ou a guerra na Ucrânia, conta. O estudioso frisa que as próprias plataformas sociais, provavelmente, precisarão se envolver no combate à desinformação, além de todos, desde reguladores e governos até médicos e pesquisadores.
O TikTok iniciou um programa de detecção de verificadores de fatos para identificar e remover alegações falsas. A rede social também fornece acesso a informações da Organização Mundial da Saúde sobre Covid e varíola por meio de ferramentas, como rótulos em vídeos e hashtags de anúncios de serviço público.