Apesar de serem minorias em cargos de liderança, mercado avalia positivamente as nomeações
Taylor Telford, do Washington Post
com Julia Castello, de São Paulo
Um novo estudo do Instituto de Tecnologia da Universidade da Geórgia, nos Estados Unidos, mostrou que a nomeação de CEOs (Chief Executive Of Operations) negros ajuda na melhoria da imagem das empresas. A pesquisa analisou os novos CEOs de companhias de 2001 a 2020.
Enquanto, as empresas que nomearam lideranças brancas viram sua capitalização de mercado cair 0,91%, as que promoveram líderes negros tiveram um aumento de 3,1% em seu valor de mercado no mesmo período. A pesquisa concluiu, a partir disso, que na prática as reações do mercado às nomeações de CEOs negros são mais positivas do que a tradição de designar CEOs de pele branca.
De acordo com o estudo, 93% dos CEOs negros analisados possuíam formação universitária avançada, contra apenas 53% dos executivos brancos. Em média, os executivos negros tinham 1,6 ano a mais de educação formal do que os executivos brancos e também eram mais propensos a ter formação em uma universidade de ponta.
“Embora seja encorajador que os mercados reconheçam as fortes qualidades dos CEOs negros, nosso estudo também sugere que as empresas aparentemente nomeiam CEOs negros apenas quando são excessivamente qualificados”, disse Jeong. “Provavelmente, temos executivos negros que se sairiam muito bem e que simplesmente nunca tiveram a chance de liderar uma organização”.
Os negros norte-americanos representam mais de 12% da população do país, de acordo com dados de 2021 do Bureau of Labor Statistics, mas representam menos de 6% dos executivos-chefes do país. Este ano, a revista Fortune 500 registrou seis CEOs negros, pouco mais de 1%.
Entre esses líderes estão Rosalind Brewer da Walgreens Boots Alliance, Marvin Ellison da Lowe’s, Thasunda Brown Duckett da Teachers Insurance and Annuity Association of America-College Retirement Equities Fund e Robert Reffkin da Compass.
No Brasil, segundo o IBGE 54% da população é negra e parda. Apesar de representarem a maioria da população brasileira, só 3,6% dos negros ocupam cargos de alto nível, segundo um estudo da plataforma Vagas.com. Assim como os Estados Unidos, a maioria dos profissionais negros brasileiros estão em posições operacionais (33,2%) e técnicas (6,3%), enquanto em cargos de diretoria compõe apenas 0,4%.
“Tem pessoas que são muito talentosas, mas nunca chegam aos cargos de CEO porque torna-se difícil chegar lá quando você tem todos os ventos contrários”, disse Ayana Parsons, sócia sênior da Korn Ferry especializada em conselhos de administração, citando os estereótipos, preconceitos e exclusão social que os líderes negros enfrentam com frequência.
Com o resultado da novo estudo, os pesquisadores disseram que estão esperançosos de que suas descobertas possam incentivar mais conselhos e investidores a se sentirem confiantes em nomear CEOs negros.