Empresário já ajudava hospitais e institutos de pesquisa, mas agora quer que o dinheiro tenha impacto imediato na vida das pessoas
Robert Hale não faz parte do clube dos mais ricos, nos Estados Unidos. Com uma fortuna de “apenas” US$5 bilhões, ele está no 202º lugar entre os bilionários norte-americanos. Mas, ainda assim, ele está disposto a fazer a diferença na vida de milhares de crianças e jovens.
Hale já era conhecido por ter doado dezenas de milhões de dólares para instituições como o Hospital para Crianças de Boston, o Instituto Dana-Farber de Pesquisas sobre o Câncer e a universidade onde se formou, o Connecticut College, além do Centro Hale para Pesquisas sobre Câncer de Pâncreas, mantido por sua família.
Mas, neste ano, Hale resolveu inovar. Desde o início de 2022, ao longo de 41 semanas, doou 1 milhão de dólares por semana e até o final do ano, vai distribuir mais 11 milhões, nas semanas que faltam para completar o ano. Desse total, 5%, cerca de 50.000 dólares, serão destinados a um fundo perpétuo, que continuará apoiando as instituições por tempo indefinido.
Esta cota semanal vem sendo distribuída entre escolas e centros esportivos voltados para crianças e jovens de famílias sem recursos. Entre outros, as associações cristãs de jovens da região de Boston, Massachusetts, a Jett Foundation, de Plymouth, a Friendship Home, de Norwell, e a Congregação de Hingham.
Ao falar sobre a iniciativa, Hale destaca a importância da educação e do esporte para o futuro das crianças e jovens das famílias pobres. E ressalta: “o trabalho dessas organizações tem um grande impacto na comunidade, mas são pequenas e a maioria não tem recursos permanentes. Por isso, resolvemos apoiá-las para que possam fazer um planejamento a longo prazo”, ele explica aos jornais de Quincy, a pequena cidade da Nova Inglaterra, onde fica a sede de sua empresa.
Além de filantropo, Robert Hale é conhecido nos meios empresariais pela grande virada nos negócios que soube dar num curto período de tempo.
Em 2002, a Network Plus, uma empresa de telefonia que ele havia criado em 1991, com apenas 23 anos, foi à falência, em meio à bolha que explodiu no setor de tecnologia. Como resultado, ele sofreu um prejuízo de US$1 bilhão e teve que demitir 400 pessoas.
Apenas 2 meses após a falência, ele e o pai abriram a Granite Telecom, que hoje oferece serviços de dados e telefonia para mais de um terço das 100 maiores empresas dos Estados Unidos. O grande aprendizado que tirou daquela experiência, ele recorda, foi de que não se deve permitir que uma falha leve uma pessoa a deixar de assumir riscos.
Além da Granite Telecom, hoje ele tem uma empresa do setor imobiliário, um fundo de investimentos e é um dos donos do Boston Celtics, uma das grandes equipes da NBA, a Associação de Basquete dos EUA.
Ao refletir sobre o passado, Hale lembra que, nos tempos da Network Plus, antes da falência, ele era chamado pelos jornais da região de Boston, como “o menino de ouro da tecnologia”, porque havia fundado a empresa com apenas 23 anos. Após a derrocada, ele passou a ser chamado “o menino falido da tecnologia”. Hoje, ele, recorda: “difícil imaginar alguma dificuldade que não tenha enfrentado naqueles tempos após a falência”.
Hoje, ele tem o que comemorar. A Granite Telecom já foi eleita mais de uma vez como uma das melhores empresas para se trabalhar, nos Estados Unidos. E também como uma das maiores no setor de filantropia.