POLÍTICA
Comício na véspera da eleição nas ruas de Istambul. (Crédito: AP)

Resultados apontam para segundo turno na Turquia

Em 20 anos no poder, Erdogan enfrenta seu maior desafio. Nenhum dos candidatos alcança mais de 50% dos votos

Por: Lucas Saba
Da redação | 13 de maio de 2023 - 10:57
Comício na véspera da eleição nas ruas de Istambul. (Crédito: AP)

Mais de 65 milhões de turcos foram as urnas neste domingo para eleger o novo presidente e membros do legislativo. Com mais de 90% dos votos apurados, o presidente Recep Erdogan obteve 49% dos votos, de acordo com a agência estatal Anadolu. Seu principal adversário, o líder da oposição Kemal Kilicdaroglu, está com 45%, mas a diferença entre os dois diminui na medida em que a apuração caminha para a reta final. Por enquanto, tudo indica que haverá segundo turno, no próximo dia 28.

Em meio a polêmica de números diferentes, Erdogan se pronunciou no Twitter, logo após o inicio da contagem de votos.”Enquanto a eleição foi realizada em uma atmosfera tão positiva e democrática e a contagem dos votos ainda está em andamento, tentar anunciar os resultados às pressas significa usurpar a vontade nacional,” disse ele.

Muitas coisas estão em jogo nessas eleições. A Turquia é uma potência regional com 85 milhões de habitantes. Hoje os turcos representam o segundo maior exército da OTAN, a aliança militar do Ocidente. O chefe do executivo eleito irá decidir como será a posição na Turquia na guerra da Ucrânia e também as relações com os países ocidentais que se opõem à Rússia neste conflito.

Turquia Erdogan

Pela primeira vez em duas décadas, Erdogan pode deixar o poder na Turquia. (Crédito: AP)

O presidente Recep Erdogan, falou em comícios de bairro em Istambul, a maior cidade da Turquia. Seu adversário – Kemal Kilicdaroglu , do Partido Popular Republicano de centro-esquerda, candidato conjunto de seis partidos da oposição – realizou seu último comício na capital, Ancara, na sexta-feira sob chuva torrencial.

Na sexta-feira, Erdogan rejeitou as especulações de que não cederia o poder se perdesse, chamando a questão de “muito ridícula”. Em entrevista coletiva, Erdogan disse que chegou ao poder por meio da democracia e agiria de acordo com o processo democrático.

“Se nossa nação decidir tomar uma decisão tão diferente, faremos exatamente o que é exigido pela democracia e não há mais nada a fazer”, disse ele. Erdogan disse no sábado que vê as eleições como uma “celebração da democracia para o futuro de nosso país” e exibiu vídeos para minar seu oponente como incapaz de liderar a Turquia.

A campanha da oposição foi continuada pelo popular prefeito de Istambul, Ekrem Imamoglu, que realizou comícios finais na cidade para convocar as pessoas a votarem em Kilicdaroglu.

Na sexta-feira, Kilicdaroglu pediu a dezenas de milhares de pessoas reunidas para ouvir seu discurso final para votar no domingo para “mudar o destino da Turquia”. Ele disse estar pronto para levar a democracia à Turquia, uma grande crítica a Erdogan, que reprimiu a dissidência nos últimos anos.

A participação eleitoral na Turquia é tradicionalmente forte, mostrando a crença contínua nesse tipo de participação cívica em um país onde a liberdade de expressão e reunião foi suprimida. Se nenhum candidato presidencial obtiver mais de 50% dos votos, um segundo turno será realizado em 28 de maio.

O Conselho Eleitoral Supremo da Turquia decidiu que os votos lançados para outro candidato, Muharrem Ince, que desistiu da corrida nesta semana, seriam contados como válidos e que sua retirada não seria considerada até um possível segundo turno.

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