Você pode estar sofrendo com o "doomscrolling" e não sabe disso
Já buscou o celular para passar um tempo livre, relaxar e acabou ficando mais ansioso do que já estava? Esse é o fenômeno chamado de “doomscrolling”, termo que vem sendo utilizado para definir um tipo de comportamento muito comum nos dias atuais. Segundo especialistas, essa ação de rolar telas para saber tudo que está acontecendo no mundo acaba colocando as pessoas em contato com muitas notícias ruins e isso está aumentando a ansiedade nas pessoas.
De acordo com os especialistas Richard F. Mollica, professor de psiquiatria e diretor do programa de traumas de refugiados da Universidade de Harvard, e Thomas Hubl, fundador da Academy of Inner Science, a enxurrada de notícias traumáticas causa nas pessoas três tipos de reação, são elas: ansiedade, fuga ou o congelamento. Ou seja, as pessoas são puxadas para as redes sociais para buscar informações para confrontar coisas; se defender de alguma situação, como foi com a pandemia; ou, simplesmente, esquecer do mundo, em um estado quase que automático, o congelamento.
O doomscrolling se tornou dominante, principalmente, com a pandemia da covid-19. As pessoas não podiam sair de casa, o que só as restavam acompanhar as notícias sobre algo incerto, que era o novo coronavírus no início, pelos celulares. Esse costume continuou logo depois. A guerra entre a Ucrânia e a Rússia também despertou essa busca incessante por informações. Afinal, será que pode ocorrer uma guerra nuclear? As pessoas querem saber e se proteger do que pode ocorrer futuramente.
O uso automático das redes sociais gera uma dormência coletiva, segundo os especialistas. Ou seja, as pessoas ficam profundamente envolvidas com aquelas notícias e, com isso, passam a fazer uso de substâncias e atividades, como o vício em comida, sexo, entretenimento, ou até o consumo excessivo da mídia, para amenizar os efeitos negativos no físico e psicológico. O smartphone começa a virar válvula de escape logo cedo, ao acordar.
Por conta desse cenário, Archana Basu, psicóloga de Massachusetts General Hospital, filiado à Universidade de Harvard, dá algumas dicas para evitar a fadiga causada pelo doomscrolling:
Concentre-se no que você pode controlar: Podemos não ter todas as respostas, mas podemos descobrir possíveis soluções
Simplifique: Diante de tantos problemas no mundo, veja o que você pode fazer para ajudar. Se não puder, dê um tempo nas notícias para não se prejudicar com a ansiedade.
Defina limites saudáveis: É normal a busca intensa por informações quando há uma incerteza na vida, mas é necessário colocar limites. A internet e redes sociais podem piorar o quadro.
Aceite a incerteza: Existem muitos elementos de nossas vidas em geral que são incertos e estão fora de nosso controle. A aceitação da incerteza é uma parte fundamental do enfrentamento. Mas tenha em mente que esta é uma habilidade que requer prática.