A principal fonte da felicidade e da infelicidade é o relacionamento com outras pessoas
Ao serem perguntadas se são felizes, muitas pessoas ficam em dúvida sobre o que responder. Isso ocorre porque ninguém costuma parar para pensar como teria sido seu dia de trabalho ou de lazer, por exemplo. E, quando perguntadas de surpresa, a memória falha ao tentar relembrar momentos que foram significativos para a felicidade plena. É assim que o analista Alejandro Cencerrado, do The Happiness Research Institute, na Dinamarca, dimensiona a felicidade dos povos de diversos países.
Desde os 18 anos, ele resolveu avaliar, diariamente, por meio de uma escala de felicidade, cada dia da vida dele. Ele pontuava os dias entre 0-10, zero para um dia péssimo e dez para um dia em que se sentiu muito bem e feliz.
“Quando comecei tinha 18 anos e agora tenho 34. Já entrei e saí de uma crise financeira, passei de um Nokia simples para um smartphone. Hoje posso voltar àqueles dias e saber o que senti no dia do meu casamento ou quando aquele teste de gravidez deu positivo”, explicou Cencerrado em uma entrevista feita para o jornal espanhol, La Voz de Galicia.
A conclusão também se sustentou em análise feita pelo Instituto da Felicidade, que utiliza entre outras fontes a rede social Twitter, que é comumente usada para desabafos pelos usuários ao redor do mundo. Desde o início da pandemia, em 2020, foi observado um aumento de tristeza dos usuários conforme a doença prevalecia forte em todo o mundo. Isso se dava pelos isolamentos sociais, causando uma saudade das pessoas amadas. Assim como a perda de entes queridos. Neste momento, muitos disseram “eu era feliz e nem sabia”.
O analista também observou que o contraste entre estar bem e mal faz parte da conquista da felicidade. O que pode parecer contraditório, já que as pessoas acreditam que para serem felizes é necessário estar bem em 100% do tempo. Segundo ele, as pessoas valorizam, por exemplo, valores como o da “tranquilidade” somente após o estresse.
“Ser infeliz é inevitável e necessário. E é uma mensagem necessária em uma sociedade onde sentir-se infeliz parece ser um perdedor. Isso cria problemas. Desde que tive meu filho, há um ano e meio, não estou mais feliz. Estou mais infeliz, e é algo que as pessoas têm dificuldade em reconhecer. Só porque ele te faz infeliz não significa que você o ama menos. Pensar que ser infeliz é ser um perdedor nos leva a não ser sinceros e a suportar a tristeza sozinhos. Mas no final todos nós temos momentos tristes. E carregar esse problema sozinho nos sobrecarrega”, afirma.
O ser humano se adapta às condições facilmente. Por isso, ao se adaptar, ele esquece as coisas que já o fizeram feliz na vida. A memória distorce as próprias memórias. “É como quando você está sobrecarregado e pensa naquela viagem à Indonésia… e diz a si mesmo que era mais feliz naquela época. Mas a memória seleciona apenas o que lhe interessa”, diz.
O Instituto da Felicidade vem analisando o comportamento das pessoas em vários países a respeito do assunto desde 2013. Uma das ferramentas para avaliar o sentimento da população é a partir da análise de livros publicados, pesquisas acadêmicas e iniciativas de políticas governamentais. No mais recente relatório, divulgado em março deste ano, “a proeminência da felicidade como indicador de progresso está em ascensão” e passou a ser um assunto mais mencionado em comparação com assuntos econômicos, como a citação do PIB, que está em declínio.
Os pesquisadores também avaliam as pessoas através de um questionamento que leva em conta as seguintes variáveis: PIB do país; suporte social; expectativa de vida saudável ao nascer; liberdade para fazer escolhas de vida; generosidade; percepções sobre corrupção no governo do país em que a pessoa vive; afeto positivo com outras pessoas e efeitos negativos na vida.
Finlândia permanece no topo do ranking!
No último período de avaliação, que foi de 2019-2021, a Finlândia continuou no topo da lista dos países “mais felizes”. É o quinto ano consecutivo de pesquisa que o país ficou em primeiro lugar. Em seguida vem Dinamarca, Islândia, Suíça, Holanda, Luxemburgo, Áustria, Austrália, Irlanda, Alemanha e Canadá. Estados Unidos e Reino Unido fazem parte do top 20.