Russos suspeitam de espionagem digital. Duas semanas antes da invasão da Ucrânia, americanos e ingleses já sabiam da informação
Um comunicado do governo da Rússia, direcionado às autoridades civis e militares do país, alerta para que todos deixem de usar dispositivos iPhone por causa da suspeita de espionagem por parte dos serviços de inteligência ocidentais.
O alerta foi feito durante seminário organizado pelo Kremlin para autoridades envolvidas com os temas políticos e militares. O primeiro vice-chefe da administração presidencial, Sergei Kiriyenko, informou que as os altos funcionários deveriam trocar seus telefones até o dia primeiro de abril. “Está tudo acabado para o iPhone: jogue fora ou dê para as crianças. Todo mundo terá que fazer isso em março”, reportou o jornal Kommersant, reproduzindo a fala de um dos participantes da reunião.
Segundo a reportagem, o Kremlin pode fornecer outros dispositivos com sistemas operacionais diferentes para substituir os iPhones. O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, não confirmou a veracidade das declarações, mas disse que, de qualquer forma, os smartphones da Apple não poderiam ser usados para fins oficiais. O presidente Vladimir Putin já declarou diversas vezes que não tem smartphone, mas o porta-voz admitiu que Putin usa a internet de tempos em tempos.
Iphone espião?
Um dos fatos que teriam levantado as suspeitas das autoridades russas para o risco de espionagem digital por meio dos smartphones da fabricante americana, é que em fevereiro de 2022, duas semanas antes de a Rússia enviar suas tropas para a Ucrânia, espiões dos EUA e da Grã-Bretanha revelaram informações de que Putin planejava invadir o país vizinho. Não está claro como os espiões obtiveram as informações sobre o ataque, mas a inteligência russa acredita que os iPhones são usados como instrumentos de espionagem.
No início de março de 2022, a Apple anunciou a suspensão da venda de seus produtos na Rússia por causa da guerra na Ucrânia. Seguindo o exemplo, outras empresas globais também encerraram as suas atividades no país depois que o exército de Vladimir Putin invadiu o território ucraniano.
Com isso, o preço dos aparelhos vendidos no mercado paralelo disparou. Apesar da paralisação das vendas oficiais, a Apple ficou em primeiro lugar nas vendas de smartphones no primeiro semestre do ano passado, muito embora a participação da empresa venha diminuindo em média 14% nos últimos anos.