ECONOMIA
Para driblar sanções, Rússia tenta ampliar comércio com a Índia

Para manter indústrias funcionando, Rússia corre para comprar da Índia

Moscou dá sinais de desabastecimento ao enviar lista com mais de 500 produtos para manter indústrias vitais em funcionamento

Por: Mario Augusto
Da redação | 1 de dezembro de 2022 - 14:31
Para driblar sanções, Rússia tenta ampliar comércio com a Índia

De acordo com a agência Reuters, a Rússia enviou à Índia uma lista com mais de 500 produtos que está necessitando, como autopeças, peças para aeronaves e trens, para entrega imediata, com o objetivo de manter o funcionamento de indústrias vitais para o país, muitas paralisadas por falta de insumos.

Esse movimento é uma alternativa que o governo Putin tenta criar para driblar as sanções de países ocidentais, que restringem o fornecimento de peças e equipamentos à Rússia por causa da invasão à Ucrânia.

A lista que a Reuters teve acesso não informa a quantidade dos produtos que seriam exportados pela Índia. Uma fonte citada na reportagem diz que o Ministério da Indústria e Comércio da Rússia pediu às grandes empresas do país que forneçam listas de matérias-primas e equipamentos que estejam necessitando para mantê-las funcionando. Segundo a reportagem, o acordo comercial não se limitaria à Índia e incluiria outros países não alinhados ao ocidente.

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Para driblar sanções, Rússia tenta ampliar comércio com a Índia

Da metalurgia à aviação: Rússia precisa de peças de reposição. (Foto: Johnson Barros/FAB)

As sanções ocidentais prejudicaram o fornecimento de produtos indispensáveis para a economia russa. As companhias aéreas enfrentam escassez de peças porque quase todos os aviões são de fabricação estrangeira. Também há falta de peças de automóveis. Como as montadoras globais estão abandonando o mercado russo, faltam peças como pistões, bombas de óleo e bobinas de ignição.

Para aeronaves e helicópteros, a Rússia solicitou 41 itens, incluindo componentes de trem de pouso, pneus, sistemas de combustível, de comunicação e de extinção de incêndio.

Os russos também necessitam de matéria-prima para a produção de papel e embalagens de consumo, bem como materiais e equipamentos para a produção têxtil, incluindo fios e corantes. A lista também inclui 200 itens de metalurgia.

Para a Índia, num primeiro momento, parece um bom negócio, uma vez que Nova Délhi deseja impulsionar o comércio e diminuir o déficit comercial com a Rússia, que aumentou desde o início da guerra na Ucrânia.

Em nenhum momento o governo indiano fez críticas a Moscou pela guerra na Ucrânia. Pelo contrário, desde que as sanções comerciais foram impostas à Rússia, a Índia aumentou as compras de petróleo russo, e com essa receita, Vladimir Putin conseguiu suavizar o impacto das sanções do ocidente e vem mantendo os investimentos na guerra.

Desequilíbrio na balança comercial

Há décadas a Rússia é o principal fornecedor de equipamentos militares para a Índia. Em contrapartida, a Rússia é o quarto maior comprador de produtos farmacêuticos indianos. Mas, nos últimos meses, com o aumento das importações de petróleo, carvão e fertilizantes russos, a Índia busca uma forma de reequilibrar o comércio bilateral.

As importações indianas da Rússia cresceram quase cinco vezes, passando de US$ 6 bilhões, em 2021, para US$ 29 bilhões entre 24 de fevereiro, data de início da guerra, até novembro deste ano. Já o volume de exportações da Índia para a Rússia caiu de US$ 2,4 bilhões para US$ 1,9 bilhão após o início da guerra na Ucrânia.

Agora, com a lista de pedidos da Rússia, a Índia tem a expectativa de aumentar suas exportações para quase US$ 10 bilhões nos próximos meses.

O problema é que algumas empresas indianas estão com medo de exportar para a Rússia temendo retaliações comerciais dos países ocidentais, principalmente dos Estados Unidos. Demonstram também insegurança em relação à falta de clareza da Rússia sobre os pagamentos das exportações e pelos desafios para garantir o seguro das cargas embarcadas que não contam com proteção internacional.

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