A declaração de Francisco foi feita ao final de uma visita à Hungria; missão de paz inclui ajuda para repatriação de crianças ucranianas
O Papa Francisco revelou que uma missão secreta de paz está em curso para acabar com a guerra na Ucrânia. Embora não tenha dado detalhes de como estariam sendo feitas as negociações, o Pontífice declarou que o Vaticano está disposto a ajudar, inclusive com a repatriação de milhares de crianças ucranianas deportadas à força para a Rússia desde o início da guerra.
“Estou disponível para fazer qualquer coisa”, disse Francisco ao final de uma visita oficial à Hungria. “Há uma missão, que não é pública, em andamento; quando for público, falarei sobre isso”, enfatizou o Pontífice.
O Papa Francisco tem demonstrado particular preocupação com as deportações de crianças ucranianas desde que a Rússia invadiu a Ucrânia em fevereiro de 2022. Francisco disse que o Vaticano já ajudou a mediar algumas trocas de prisioneiros e fará “tudo o que for humanamente possível” para reunir as famílias novamente. “Todos os gestos humanos ajudam. Gestos de crueldade não ajudam”, disse Francisco.
Em março deste ano, o Tribunal Penal Internacional expediu mandados de prisão contra o presidente russo, Vladimir Putin, e a Comissária russa para a infância, Maria Lvova-Belova, acusando-os de crimes de guerra por sequestrar milhares de crianças da Ucrânia. A Rússia nega qualquer irregularidade, alegando que as crianças foram transferidas por questões humanitárias.
Na semana passada, o primeiro-ministro ucraniano, Denys Shmyhal, teve uma audiência com o Papa Francisco no Vaticano, na qual pediu que a Igreja Católica ajudasse a negociar a repatriação de milhares de crianças ucranianas levadas após a invasão russa.
“Pedi a Sua Santidade que nos ajudasse a devolver para casa ucranianos, crianças ucranianas detidas, presas e deportadas criminalmente para a Rússia”, afirmou Shmyhal.
Na ocasião, Francisco lembrou que a Santa Sé já facilitou algumas trocas de prisioneiros, trabalhando por meio de embaixadas, e estava aberta ao pedido da Ucrânia para devolver as crianças ucranianas às suas famílias biológicas. “As trocas de prisioneiros correram bem. Eu acho que poderia ir bem também para isso. É importante”, disse o sumo Pontífice sobre as reunificações familiares. “A Santa Sé está disponível para fazê-lo porque é a coisa certa”, acrescentou.
Francisco é o segundo Papa a fazer uma viagem apostólica à Hungria. Antes dele, apenas João Paulo II esteve no país em 1991 e 1996, depois que a Hungria deixou de ser uma nação comunista e passou a ser uma democracia. Membro da União Europeia desde 2004, a Hungria vive em alerta desde o início da guerra, pois o país faz fronteira ao nordeste com a Ucrânia e já recebeu mais de um milhão de ucranianos que pediram refúgio.
Na visita oficial à Hungria, o Papa Francisco manteve encontros oficiais com a presidente Katalin Novák, e com o primeiro-ministro húngaro, Viktor Orban. O Papa também se reuniu com o representante da Igreja Ortodoxa Russa na Hungria. e, no domingo, presidiu a celebração eucarística na Praça Kossuth Lajos, com a presença de cinquenta mil pessoas.