Muitas empresas prometem reduzir emissões de gases tóxicos, mas continuam usando combustíveis fósseis e a poluir
O secretário-geral das Organizações das Nações Unidas, Antonio Guterres, pediu a punição de empresas que prometem eliminar as emissões de dióxido de carbono, para se beneficiarem de incentivos, mas na verdade não cumprem.
Ao contrário do que dizem, muitas dessas empresas, segundo Guterres, investem em combustíveis fósseis, causam desmatamentos ou falseiam dados com o objetivo de melhorar a imagem perante o público e organizações internacionais.
António Guterres disse que as indústrias, bem como os estados e as cidades devem atualizar seus planos de neutralidade da emissão dos gases de efeito estufa, dentro de um ano, para cumprir as recomendações dos especialistas da ONU.
Nos últimos meses, houve um grande aumento nas promessas de descarbonização, ou seja, cerca de 90% da economia global está agora coberta com algum tipo projeto de neutralização de carbono, de acordo com o Net Zero Tracker.
“É muito fácil fazer um anúncio de que você não vai fazer nenhuma emissão líquida de carbono em 2050. Mas você tem que cumprir o que prometeu e o que estamos vendo é que não há ação suficiente”, disse Catherine McKenna, ex-ministra do Meio Ambiente e do Clima do Canadá, que liderou o painel. “Temos que fazer duas coisas para chegar ao Net Zero: precisamos reduzir drasticamente as emissões e precisamos investir em energia limpa. É extremamente difícil avaliar adequadamente se as empresas estão cortando emissões e é preciso haver maior transparência”, disse ela.
Uma recomendação central do painel é que os planos de zero carbono devem estar alinhados com o objetivo mais ambicioso do Acordo de Paris de limitar o aquecimento global a 1,5 graus Celsius acima das temperaturas pré-industriais. Mas, para fazer isso, os cientistas da ONU dizem que as emissões globais devem ser reduzidas praticamente pela metade até 2030 e, depois disso, devem ser totalmente reduzidas a zero em 2050.
O relatório recomenda que os créditos de carbono não sejam usados para “compensar” as emissões, até que uma empresa tenha feito todo o possível para reduzir as emissões de acordo com a meta de 1,5°C e que devem ser de uma fonte confiável e verificada. “A realidade é que você não pode compensar seu caminho para o carbono zero”, disse McKenna.