Nos últimos três anos, houve mais de 600 tiroteios naquele país, uma média de quase dois por dia
De janeiro até os primeiros nove dias de maio deste ano, o Gun Violence Archive, organização sem fins lucrativos que monitora os incidentes de violência armada nos Estados Unidos, registrou 203 tiroteios em massa com dezenas de mortos e feridos.
A conclusão do GVA é de que os tiroteios em massa estão aumentando assustadoramente. Nos EUA, os tiroteios em massa são caracterizados toda vez que quatro ou mais pessoas são feridas ou mortas em ataques com armas de fogo. Os números envolvem tiroteios que acontecem tanto em residências como em locais públicos.
Somente no Texas, na semana passada, aconteceram dois casos de violência, com cinco mortos em uma casa em Cleveland, ao norte de Houston, e oito mortos em um shopping em Allen, perto de Dallas.
Nos últimos três anos houve uma explosão de mais de 600 tiroteios em massa, uma média de quase dois casos por dia. Um dos mais horrendos aconteceu em Las Vegas, em 2017, quando um atirador matou mais de 50 pessoas e deixou 500 feridos.
Os números da tragédia das armas
De acordo o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), em 2021, 48.830 pessoas morreram em decorrência de ferimentos causados por armas de fogo nos EUA. Esse número representa um aumento de quase 8% em relação ao ano anterior, que foi um ano recorde para mortes por armas de fogo. Desse total, mais de 20 mil mortes foram registradas como homicídios e o restante como suicídios.
Os dados mostram que mais de 50 pessoas morem todos os dias vítimas de armas de fogo nos EUA. A proporção é significativamente maior do que em outros países como Canadá, Austrália, Inglaterra e País de Gales.
Especialistas em segurança pública explicam essa alta no número de mortes em decorrência de tiroteios em massa à grande oferta de armas no país. O Small Arms Survey estima que em 2018 havia 390 milhões de armas em circulação nos EUA. Para cada grupo de 100 residentes existem 120,5 armas de fogo em circulação e os números não param de crescer.
Entre janeiro de 2019 e abril de 2021, 7,5 milhões de adultos americanos compraram armas de fogo, segundo levantamento do Annals of Internal Medicine, o que expõe diretamente 11 milhões de pessoas a armas de fogo em suas casas, incluindo 5 milhões de crianças.
A questão envolve uma profunda discussão política e coloca em lados opostos defensores do controle de armas e ativistas que defendem com unhas e dentes o direito de todo cidadão portar armas. E o lobby pró-armas, liderado pela National Rifle Association (NRA), ainda é infinitamente mais forte do que toda a mobilização feita pelos grupos que lutam pela restrição de acesso.