O balanço trimestral do Credit Suisse revelou que o banco perdeu US$ 68,6 bilhões em depósitos e aplicações, apenas nos primeiros três meses do ano. Outros bilhões de dólares já haviam sido retirados pelos clientes nos últimos meses de 2022, quando se intensificaram os rumores de que o banco enfrentava problemas de solvência.  O total de ativos administrados pelo Credit Suisse caiu para US$ 564,5 bilhões no final de março, uma redução de quase 29% em relação ao mesmo período do ano passado. Esse é o último balanço antes da conclusão da venda forçada para o rival suíço UBS, que deve se concretizar em breve.

O Credit Suisse passou a enfrentar forte instabilidade, após a divulgação de notícias sobre perdas financeiras e suspeitas de envolvimento em lavagem de dinheiro. A corrida dos depositantes se acentuou, neste ano, após a crise iniciada nos Estados Unidos, com o colapso dos bancos Silicon Valley e Signature.

Apesar de as autoridades suíças terem criado um pacote de resgate para o Credit Suisse com garantia financeira de US$ 224,7 bilhões seguido de uma aquisição forçada pelo UBS, muitos investidores preferiram sacar os valores que mantinham investidos no Credit Suisse.

Em 2022, a instituição amargou um prejuízo de US$ 8,2, seu pior desempenho desde a crise financeira de 2008 e o alto comando do banco fez um alerta de que não enxergava perspectivas de resultados positivos até 2024.

(Foto: Flickr/Sunil Subramanian)

“Então, é claro que os saques deste trimestre vieram em cima disso. E os bancos não sobrevivem a saídas de fluxo como essa, eles realmente não sobrevivem, por maiores que sejam as instituições”, afirma Frances Coppola, analista bancário independente.

Efeito cascata

A falência do Silicon Valley Bank e do Signature Bank nos EUA fez o valor dos ativos que eles detinham despencar drasticamente como resultado do aumento das taxas de juros. Dessa forma, as ações de bancos em todo o mundo foram fortemente impactadas por uma onda de desconfiança do mercado.

Em meio a preocupações de que outros bancos pudessem enfrentar problemas semelhantes, os investidores correram para sacar o seu dinheiro do já combalido Credit Suisse. “Acho que veremos mais turbulência bancária. Não sei se isso afetará os grandes bancos como este”, alerta Coppola.

Agora, promotores de justiça suíços abriram um inquérito para investigar a aquisição repentina do Credit Suisse, que era o segundo maior banco do país, pelo seu principal concorrente, o Banco UBS. Acionistas das duas instituições alegam que foram impedidos de votar sobre a aquisição. Outros argumentam que a aquisição forçada prejudicou a reputação global da Suíça como centro financeiro.