O uso de chatbots para calcular pagamentos de hipotecas e vasculhar bancos de dados imobiliários deixa profissionais inseguros
O uso da inteligência artificial no setor imobiliário já é uma realidade nos Estados Unidos. Muitos dos 562 mil corretores de imóveis que atuam no território norte-americano já utilizam ferramentas de chatbots para fazer o serviço pesado da atividade, como elaboração de listas e postagens nas redes sociais, cálculo de pagamentos de hipotecas, varredura em bancos de dados imobiliários para encontrar boas oportunidades de negócio e por aí vai.
A questão é: se os corretores de imóveis já fazem isso, o que impediria os cidadãos comuns de usarem as mesmas ferramentas de inteligência artificial para atender as suas necessidades na hora de comprar, vender ou alugar um imóvel, sem ter que pagar a comissão de corretagem? O trabalho do corretor se tornaria dispensável? Ou o número de corretores de imóveis humanos seria reduzido pela metade?
Um relatório feito pela Cushman & Wakefield, uma das maiores empresas de serviços imobiliários comerciais do mundo, mostra que os corretores de imóveis não acreditam que perderão os seus empregos para os robôs de inteligência artificial. De acordo com a pesquisa, eles compartilham o sentimento de que a inteligência artificial, no setor imobiliário, veio para ajudar ao invés de roubar os empregos dos corretores.
Sobrevida aos corretores de imóveis
Por enquanto, o que alimenta essa confiança de autopreservação dos corretores de imóveis é uma limitação dos chatbots que não conseguem suprir uma carência humana. Na prática, os robôs ainda não são capazes de sentir as qualidades intangíveis de um edifício da mesma forma que os humanos fazem, alegam os autores do estudo.
Os chatbots também não conseguem ler e traduzir a linguagem corporal de compradores e vendedores de imóveis durante uma negociação. Muitos clientes costumam ficar em dúvida se estão fazendo a coisa certa ou não e, cabe ao corretor de imóveis, funcionar como uma espécie de conselheiro, encorajando ou passando a segurança necessária às partes para o fechamento do negócio.
Além disso, as ferramentas de IA nem sempre funcionam bem sem a supervisão humana. Sarah Bell, especialista em IA aplicada ao setor imobiliário, fez uma experiência reveladora. Ela pediu ao ChatGPT para avaliar a conveniência de diferentes inquilinos com base na nacionalidade e descobriu que um código de computação dentro do robô de inteligência artificial era preconceituoso com os clientes australianos, sem razão definida, porque Bell constatou que o sistema ainda tem muitas falhas .
Neste caso, as habilidades de um corretor humano seriam imprescindíveis para detectar a falha da máquina e evitar que centenas de negócios promissores, vindos de clientes australianos, escorressem pelo ralo.